terça-feira, 23 de novembro de 2010

Dia da Consciência Negra

Não sei se todo mundo sabe, mas o dia dedicado ao povo negro já foi outro. Era a data da abolição da escravatura, aquela formalidade protagonizada pela princesa Isabel. Depois, por causa da luta do movimento negro, essa data foi repensada e hoje é a data em que Zumbi supostamente morreu. Eu não tive tempo de fazer algo novo para essa data, e ela inclusive já se passou. Mas reciclar é bom, melhor que essa filosofia descartável, onde se descarta até mesmo o que escreve e as palavras não possuem mais valor, e por isso eu compartilho com vocês uma postagem antiga. Espero que gostem.


A herança dos assaltos de Palmares



Andei um tanto ocupado esse últimos dias com a greve, e aí acabei não dando a visibilidade que acho que esse dia merece. Na verdade não é só por merecimento, é por amor mesmo. Meu sangue ferve e até as lágrimas descem quando o assunto é o povo preto.

Acabei não escrevendo no dia, mas é como acabei de dizer: eu preciso dar Visibilidade a esse tema.

Há um bom tempo atrás, mais de uma década, o instituto DataFolha lançou uma grande pesquisa sobre a questão da desigualdade racial no Brasil. Os resultados acabaram dando a idéia exata ao título, e o estudo foi intitulado Racismo Cordial.

O que seria o racismo cordial? Vou tentar expressar o espírito do conceito com um dado* brutal: Apenas 5% das pessoas entrevistadas admitiram ter atitudes racistas, mas 95% das pessoas afirmaram que conhecem ao menos uma pessoa racista. Ou esses 5% são mais conhecidos que nota de dois reais, ou existe algo muito estranho entre os 95% restantes.

O racismo cordial é um tipo de racismo invisível. É como o vento que não se vê mas a todos se faz sensível. O racismo no Brasil é invisível, o genocídio negro persiste até hoje e segue invisível à maioria, o Dia da Consciência Negra ainda carece muito de visibilidade. Há uma luta já histórica de fazê-lo feriado, mas é uma luta que querem tornar invisível.

O dia 20 de novembro tem a ver com Zumbi e Palmares. E da intangível herança de Palmares, eu quero registrar apenas por alto os assaltos**. Um deles é a herança quilombo, e o outro, as cotas nas universidades e outras instituições.









Qual é a herança quilombo a que me refiro? Acredito que a maioria pensa em algo abstrato, alguma característica, etc. e tenho certeza que muita gente simplesmente desconhece o que vou falar: a herança quilombo são os próprios quilombos. Os quilombos que existem até HOJE. Mas agora o nome mudou um pouco, para Comunidades Quilombolas, ou Comunidades de Remanescentes de Quilombo. Existem comunidades de filhos, de netos e bisnetos de escravos até hoje no país, resistindo, lutando pela demarcação de suas terras que até hoje o Estado racista não reconhece o pertencimento. Para os mais desinformados, não muito longe do DF existem os Kalungas, um quilombo quilombo aqui nesse Goiás (do qual o DF finge que não pertence).

O outro assalto é a instituição de cotas para negros em universidades e outros espaços. É difícil de conceber, mas na universidade pública, a população negra era de apenas 2% do total, conforme revelava o Ipea. Hoje, com 20% das vagas, que muitas vezes são disputadas com brancos que querem nos destituir de nossa conquista chegando afirmar que são negros sem o ser, garantimos um espaço que já desencadeou um ciclo de transformações na sociedade brasileira.

E onde entra a herança do assalto nessa história? É basicamente o seguinte: tudo aquilo que a população afro-brasileira conquistou até hoje nessa terra desde que foi raptada de África foi de assalto. Nesse sentido, até a própria liberdade teve que ser tomada à força das mãos dos colonos. Quilombo foi a forma que os assaltantes da liberdade deram, quando a coletivizaram. E até a própria terra onde essa liberdade assentava seus pés teve que ser tomada dos opressores. Bem assim as vagas de estudo e trabalho. Chega de um povo apenas construir e o outro apenas usufruir. Vamos partilhar o segundo hábito, nem que seja pegando uma parte e dizendo: essa aqui é para este povo.


Viva Zumbi! Viva Palmares!

Viva esse pigmento que dá esse tom lindo à nossa pele, apesar das consequências!



* Eu arredondei 5% e 95% porque não lembro o número exato. Se eu não me engano é ainda mais acentuado, tipo 98% e 2%.

** Dois assaltos recentes estão registrados nesse blogue. Veja clicando aqui

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Quando nós somos o alvo do nosso protesto

Acaba que grande parte dos textos desse blog é sobre lutas. A luta por uma outra mídia e pela difusão de um outro pensamento que não ocupa os grandes espaços, a luta contra a corrupção, a luta por uma sociedade não apenas honesta, mas justa e igualitária, e por aí vai. Tem pessoas que encaram as lutas como sendo uma exigência que pesa nas costas. Mas eu sou, e quero sempre ser parte, daqueles que enxergam as lutas como sinônimo de sonhos. Talvez mais que sonhos, talvez elas sejam o caminho por onde se pode transformar esses sonhos em realidade. Sonhos e lutas, quase um só.

Mas existe um problema que é o seguinte, independente da visão que você tenha das lutas, elas são lutas e pesam. São pesadas, cansativas e arriscadas. Às vezes arriscam nos ferir no coração, isto é, matar a nossa esperança. E tem alguns tipos de lutas que temos que lutar, que significam lutar contra nós mesmos. Tem vezes que nós é que somos o nosso próprio inimigo. E é nessas horas que o desafio se torna real como nunca, e põe à prova até onde um guerreiro pode chegar.

E um desses desafios será alvo de luta no dia 26/11, e tem a ver com aquilo que usamos a maior parte do nosso tempo: roupas e acessórios.

Quem já viu a realidade do processo de extração de pele para a confecção de roupas sabe do que estou falando. Quem não sabe, que veja.



Com mais ou com menos crueldade se produz também a camurça, o nobuk, e o couro e lã.

Dia 26 de novembro é o dia mundial sem peles, e quem quiser pelo menos torcer por um mundo com menos dessa carnificina supérflua pode ser que tenha a si mesmo como próprio inimigo.

Espero que vença.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Com vocês: O Miraculoso!!

Para quem acompanha o Carta Desmarcada, meu humilde espaço de interação e de socialização de informação que se pretende ser crítica, reflexiva, e quiçá, transformadora, quero dizer que agradeço muitíssimo. Pois é nessa relação que o meu intuito se realiza e o objetivo do blog é alcançado. Obrigado a você.

Quero compartilhar aqui uma notícia muito boa! É que essa semana saiu do forno a 5ª edição de O MIRACULOSO, um jornal autoral, passional, independente e contra-majoritário, do qual estou muito feliz de fazer parte. Tem um texto meu na página 4. O jornal tem a versão impressa e a versão on line, que está disponível nesse link:

http://www.miraculoso.com.br/o_miraculoso_05.pdf


Repasse para os amigos e amigas, é tão raro um veículo de informação que seja próximo, de base, e que diga algo diferente do 'mais do mesmo' que a mídia geral diz por aí...

Boas leituras!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O caso Bolinha de Papel de José Serra - A Globo mente em cadeia nacional

Ontem o Jornal Nacional estava de lascar. Quem viu, pôde ficar com raiva da forma como a Globo está fazendo campanha para o Serra. E ainda de quebra, teve aquela matéria extremamente distorcida sobre a criação de um conselho de comunicação social no Ceará, que a Globo só faltou chamar de nazista, mas que agora, nesse caso de flagrante mentira nacional, faz todo sentido.

Felizmente, alguém que tem cosciência, não digo nem política, mas consciência cidadã mesmo, e habilidade nessas coisas de vídeo, pegou a mentira da Globo no flagra e fez um vídeo explicando.

#globomente está em 1º lugar nos tópicos do Twitter. Faça do Twitter algo de útil para todos nós e divulgue isso por lá também.

Abaixo, o vídeo explicando a videomentira da Globo. Se houvesse um conselho de comunicação, seria para fiscalizar e conferir à sociedade algum controle sobre episódios de uso da televisão para disseminar mentiras em cadeia nacional. E não para promover o nazismo, como a Globo quis dizer ontem que era.

Abraços.


quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A Tragicomédia das Eleições para o GDF

Quem não viu o debate dos candidatos ao GDF de ontem na Globo perdeu muita coisa. Além de ter mais uma oportunidade de ver as propostas dos canditatos e assim fundamentar melhor o seu voto ou não voto, uma nova estrela roubou a cena. Não é uma estrela que brilha politicamente - nisso, aliás, ela foi uma tragédia -, mas brilhou no cenário da comédia brasiliense. Weslian Roriz - Ela vai te fazer rir!

Eu acho que não preciso dizer muita coisa. As imagens são muito melhores que eu.

Pra quem achava que o Joaquim era engraçado, não deixe de ver a sua esposa. Em 50 anos de casados, ela o superou de longe na arte da tragicomédia.

:: Só um aviso aos desavisados - Não vote numa piada dessas. Piada é pra rir, não pra votar::




quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Sem proselitismo – Declaração de voto para distrital


O dia de votar está chegando. Vejo que muita gente está indecisa, e isso se deve a vários motivos: descrença na política, decepção por ter votado em corrupto/a, etc. Como eu estou muito convicto de que meu voto vai para um candidato que representa a proposta de mudança, de compromisso e de ética, decidi fazer uma declaração de voto, para que as pessoas que acessam este site possam ter mais uma referência e possam fundamentar melhor sua decisão. E sem proselitismo aqui, pois a grande mídia toda tem candidatos definidos, e tem feito campanha há mais de um ano para eles. A diferença é que eles não abrem suas escolhas, pois isso poderia abalar a ideia de que tudo o que eles falam é a verdade imparcial das coisas, e não um ponto de vista influenciado por visões de mundo, por objetivos e por princípios.


Sem mais delongas, digo a quem interessar que o meu voto para deputado distrital será de Rafa Madeira – 50500 – do PSOL. E vou dizer o porquê dessa escolha. Quem quiser mais detalhes ou esclarecer algum ponto específico, é só entrar em contato comigo.


A candidatura do Rafa tem limitações de princípios – ele não faz certos tipos de alianças e nem muda suas propostas apenas para chegar mais perto da vitória nas urnas – o compromisso é com a classe trabalhadora e suas necessidades, mesmo sabendo que isso pode dificultar em muito a vitória nas urnas. A questão é que para o Rafa, a “vitória nas urnas” está em segundo plano. Por mais estranho que isso pareça, isso muito me alegra: a grande vitória é agregar o máximo de pessoas possível a um outro projeto de sociedade, radicalmente comprometido com a justiça, com a igualdade e com a ética, um projeto de reconstrução dessa cidade que foi erguida em corrupção desde que foi fundada. Para nós, isso vale mais do que a vitória a qualquer custo.


Eu poderia falar de propostas, ou poderia falar do posicionamento político, e essas coisas que são pressupostos de qualquer candidato a político. Mas eu digo a vocês por que eu me sinto tão confiante para votar no Rafa, mesmo em tempo de generalizado desencantamento político no DF.

Estava eu, em dezembro em 2008, à véspera do Natal, pensando na forma como eu deveria passar essa data, que, fora o caráter capitalista, simboliza algo tão importante na minha vida. Pensei que naquele ano eu iria fazer diferente. Queria fazer algo que melhor combinasse com a postura e a vida de Jesus Cristo. Fiquei matutando, até que tive a ideia de passar o natal com os meninos do Giração, um excelente trabalho com meninos e meninas em situação de rua do Distrito Federal. Para lá eu fui. E lá encontrei, além dos meninos que ali passaram um natal farto e fraterno, pessoas conhecidas e envolvidas com aquele trabalho. O fato é que nem sei como foi que se deu, mas naquela mesma noite eu conheci o Rafa e estava conversando com ele como se nos conhecêssemos há muitos anos. Eu acho que aconteceu de que o sentimento que temos é semelhante e antigo. De amor à justiça, de amor e reverência às crianças, e os sortidos sonhos de um tempo vindouro melhor. Esse sentimento é antigo, vem desde o primeiro natal, e aproxima e estreita as pessoas que dividem esse amor, mesmo que elas se conheçam há poucos instantes.


Se isso pra mim não bastasse, que bastem pra mim os encontros depois desse dia. Nos encontramos nas barricadas da vida, onde vivemos em vida aquilo que amamos e sonhamos. No dia do massacre promovido pelo então imperador Arruda, e executado pelos cavaleiros do apocalipse, onde choramos com as bombas de lacrimogênio e tomamos bordoadas pela defesa da nossa cidade, sem arredar os pés. Mal sabia o carunchoso Arruda que o apocalipse que aqueles cavaleiros anunciavam era o dele mesmo. E depois nós marchamos juntos muitas vezes pela ruína da corrupção que humilhava Brasília mais do que já pareceu ser possível, e depois nós fizemos vigílias, e fizemos campana, ocupando a sede da Câmara Legislativa, onde com muitos companheiros lutadores dormimos por dias, ele mais do que eu, alimentando a chama da justiça que veio queimar uma leva de corruptos, ainda insuficiente para moralizar a cidade, mas amostra suficiente para porvar que o povo mobilizado tem poder para transformar. Vejo na candidatura de Rafa Madeira uma chance de sermos representados por um que é dos nossos, não por que disse que o é, mas porque se fez povo na medida em que agiu como povo, e eu me sinto parte dessa candidatura. E tem mais histórias para contar, mas por ora já basta pra dizer o que eu queria ter dito.


O nome dele é Rafa Madeira, o nº 50500, para Deputado Distrital.

Nessas eleições, eu votarei Rafa Madeira, o cara com quem passei a noite de natal com mendigos.






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Para mais do que isso, me escreva,

Para mais sobre o Rafa, acesse: http://www.rafamadeira.com.br/

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Gasolina barata em Brasília DF?

O combustível baixou - de 2,67 para 2,38 - no DF inteiro. A reportagem do Correio informa que isso na verdade uma "promoção" dos postos, e que deve durar só essa semana. Em vez de dizer "corra já e enxa o tanque!", eu queria chamar atenção pra um ponto que já vem sendo discutido no DF e já foi assunto aqui no Carta [leia clicando aqui]. A gasolina no DF é coisa de louco, aliás, é mina de ouro. Os postos tiram um lucro extremamente alto vendendo o produto a esse valor, mesmo a esse valor promocional, e um dos principais motivos disso acontecer é a existência do monopólio de uma empresa chama GASOL. Um a cada Três postos do DF é dessa empresa. E todos sabemos que é ela quem dita os preços no DF inteiro. Junte isso com uma população que em média ganha salários melhores do que no resto do Brasil inteiro e temos o que temos: gasolina e álcool extremamente caros.


Mas a população que anda de carro e moto no DF deve parar de ser acomodada. Tem uma empresa monopolista chamada Gasol que há mais de 50 anos manda e desmanda no DF, e quem alimenta essa empresa é justamente quem abastece nos postos dela.

Por que essa promoção? Só por que os clientes deram uma sumida!?
O que aconteceu foi que desde que circularam vários emails sugerindo Boicote aos postos Gasol e BR, a situação dos postos não é mais a mesma e a Gasol sentiu o impacto. Com essas promoções, eles querem mais do que só atrair de volta os clientes. O que acontece é que os postos menores nem sempre conseguem manter esses preços e acabam dando uma quebrada ou não aguentando, ou mesmo não entrando na promoção de imediato, fazendo com que o consumidor mude de posto (e nessa, a Gasol tem 33% de chance de levar o cliente).

O que é preciso fazer? É muito importante que o boicote aos mercenários da Gasol seja PERMANENTE. Abasteça em postos que não sejam Gasol e você estará colaborando um pouco com a mudança dessa realidade absurda que é a dos combustíveis no DF. Não sabe que postos são Gasol? Tá aqui a Lista. Se o preço do combustível fosse mais baixo, até o preço das passagens teria mais chance de mudar. Mas é claro que isso também já seria uma oooutra luta...

- Repasse esse texto aos seus contatos. Ele é de utilidade pública.

Lista de postos para boicotar: http://www.gasol.com.br/i/mapa_de_postos

sábado, 31 de julho de 2010

Ministério Público quer fim da propaganda de obras

Eles eram a nova tendência, o que havia de fashion na cidade. Chegaram timidamente, mas hoje tomam conta de todo o DF. Quando percebi a presença de um deles a primeira vez, imediatamente também percebi a carniça no ar: o vírus arrudista estava ali presente, mas numa nova roupagem. Dessa vez foi uma roupagem alaranjada que tomou conta das ruas do Distrito Federal.


'Laranja' como o novo GDF. Essa é a nova tendência da estação em Brasília. O governador tapa-buraco gostou da moda do antigo mandatário, Roriz Segundo, ou melhor, Arruda. “Eu quero um bauuldi naranja... cheím de tinta naranja, que é pra pintá essa Bras-ilha com a cor que representa o meu mandato”, diria Rogério Rosso encarnado e representando Roriz Terceiro.

Muda tudo no DF: a famigerada “Linha Verde”, batizada popularmente também como “Marginal Arruda”, agora é a “Nova EPTG”. A invenção de despachar no 'buritinga' agora é só história pra contar, e uma obra superfaturada de destruição das antigas instalações de um local destinado ao lazer da população taguatinguense, para a implementação da sede do governo numa obra mágica, capaz de fazer desaparecer uma parte do pobre salário do cidadão trabalhador, e fazer reaparecer no bolso dos empreiteiros sanguessugas, agora transformado em cifras milionárias. Aos poucos, vemos a cidade mudar de cor: assim como as árvores do cerrado vão cedendo lugar às de concreto e à ditadura do piche, e assim como o verde das folhagens esverdeadas vai perdendo espaço para as montanhas de barro e para as nuvens de poeira alaranjada, o mesmo processo se dá nas faixadas e placas-outdoors. Arruda, Paulo Octávio e sua turma faziam dez propagandas para cada metro de obra.

E quando digo propaganda, não me refiro apenas aos tradicionais boletins marqueteiros do GDF diariamente exibidos no horário nobre de vários canais. Eu falo de estratégias maiores. Falo de alguém que erigiu propagandas tão grandes, tão fortes, que se chegou ao ponto de Arruda e sua quadrilha cairem e as propagandas permanecerem aí firmes e fortes. Parabenizo o atual governador por seu árduo trabalho, mas lamento seu fracasso nessa missão de extinguir a praga verde que se instalou em todo lugar que a vista alcança. Nem mesmo sua praga laranja tem sido capaz. Foram inúmeros outdoors novos pela cidade, mas até hoje a praga verde ainda está por aí resistindo. O coitado mandou arrumar o layout dos sites do governo na internet, mas... pfff.. deem uma olhadinha pra ver que fracasso. Parece uma ou duas laranjas numa cesta de limões. Reparem que na foto da placa-outdoor, o novo governo pintou quase tudo de laranja, mudou o slogan e, com os demais símbolos que não conseguiu repintar, aplicou uma ideia brilhante! Simplesmente reduziu tudo a cinzas, quer dizer, preto e cinza.E não é só por isso que Arruda deve estar um pimentão verde de raiva: logo agora que o piche e o concreto de Arruda e PO começaram a secar e dar um gostinho aos motorizados da cidade, logo agora que eles iriam colher as arrudas, digo, os louros de suas empreitadas, o tapa-buracos chegou e pegou toda a glória... É justamente em tons laranjas que se diz pelas ruas que as “obras estão concluídas”. E logo em baixo, a nova balela: “um novo tempo”.


Mas o fato que me levou a escrever sobre o assunto foi a recente e afortunada ação do Ministério Público, que carcou o novo governador, obrigando-o a retirar em 48 horas todas as suas plaquinhas informativas mal intencionadas, descortinando o veneno marqueteiro que há por trás delas. Eu não estou na cidade pra ver, mas quando chegar, vou fazer meu passeio pra ver de novo a diferença de não ter um pop-up real pulando na minha cara o tempo inteiro ao andar pela cidade.

sábado, 17 de julho de 2010

Aonde se pode chegar com os estudos no Brasil

Estou simplesmente embasbacado com essa notícia que acabei de ler.
Será que nem assim se percebe que, com pobreza, com miséria, as oportunidades NÃO são as mesmas?? Será que ainda assim a direita cretina continuará a vomitar nas nossas cabeças o famigerado jargão de que "é só estudar" ou de que "as oportunidades estão aí pra todos, é só querer" !?

Garoto morto enquanto assistia aula é enterrado no Rio de Janeiro

A tragédia ocorreu quando Uma operação policial nas favelas da Quitanda e da Pedreira, em Costa Barros, no Rio, terminou em tiroteio. Wesley Rodrigues estava dentro de uma sala de aula no Ciep Rubens Gomes e foi atingido no peito por um tiro.


Pensei em dizer algo mais, mas encerro por aqui. O peso dessa realidade já diz o suficiente.




O que pode vir a ser o futuro de um estudante pobre no Brasil


quarta-feira, 7 de julho de 2010

Mural de uma escola - Brasília 50 anos

Compartilho com você essas coisas interessantíssimas do mundo cotidiano.





Reparem que teve um garotinho precoce que já pegou o espírito da coisa.

terça-feira, 22 de junho de 2010

A doença do mundo

Eu ontem comecei a sentir uns calafrios no meio da tarde. Comecei a me sentir cada vez mais estranho, e quando cheguei do trabalho já foi vomitando e deitando na cama acabado, fervendo em febre e tremendo de frio. Uma febre de mais de 38 graus que durou muitas horas. Depois vomitei uma segunda vez ainda de noite. Quem me conhece sabe que eu tenho a postura de nunca (ou quase nunca) tomar remédios alopáticos para me aliviar os sintomas de alguma coisa que está me fazendo mal. Penso que é uma forma de relação mais sincera com meu próprio corpo e uma relação mais real das minhas defesas e seus desafios para a manutenção da saúde. Portanto, o resultado foram horas horríveis de muita dor generalizada e dor na barriga tratadas a base de chás e técnicas caseiras como banho, cobertor e paninho com álcool. Não sei se o meu jeito é o certo, ou é certo remediar os sintomas enquanto as verdadeiras causas ficam de lado. O certo é que todo esse tempo de sofrimento e dores intensas me fez refletir sobre questões infinitas.


Mas o texto não é sobre mim ou a minha doença. Isso é apenas o gancho para uma reflexão sobre as doenças que contaminam o mundo. Por mais que se tente, doença é uma coisa que não se restringe a pobres ou discriminado. Com maior ou menor frequência, até os mais ricos do mundo ou os moradores dos países com melhor sistema de saúde do mundo ficam doentes. Todos estão vulneráveis, basta ser ser humano. A diferença é que em países da América Latina e África e tal, uma simples gripe ou diarreia é perigo de morte. Grande parte dos governantes e autoridades do mundo não sabem o que significa viver na pobreza, na miséria, na escassez, e é difícil esperar que as meras informações visuais e livrescas sejam o bastante para fazer compreender o tamanho da dor. Sensibilidade é uma virtude raríssima.

Contudo, se por um lado o rico não conhece a dor do pobre na pele, ricos e pobres estão sujeitos a elevados graus de febre, a diarreias intensas, ao câncer, diabetes, e etc. E se já adoeceu, já sentiu. Mas, se já se sentiu, porque permanecem as coisas do jeito que estão? Por que quase meio milhão de pessoas (a larga maioria de pobres) tem que morrer todo ano por causa de uma simples gripe administrável, milhões e milhões de pessoas que morrem ou padecem por anos sofrendo de males que um atendimento simples à saúde poderia amenizar? Por que permanecem tão poucas as unidades de saúde? Fico pensando se o grande empresário, quando sofreu lá o seu revestrés e amargou um punhado de dias de cama, não se põe no lugar do seu empregado, a quem nega um salário digno e o acesso a um plano de saúde, apenas por que não pode enriquecer menos do que tem enriquecido às custas da espoliação do trabalho mau pago dos seus. E em escala maior, Haiti, Palestina, Somália, Serra Leoa, Semi Árido, e agora Pernambuco e Alagoas sofrem com a omissão histórica e atual do governo frente às enchentes que estão ocorrendo na região. Fico imaginando como está a atenção à saúde dos idosos e crianças desses lugares.

Não se trata de uma simples questão política como o a educação decente ou a um transporte decente ou lazer, pois o rico e o político raramente sentiram na pele e tiveram capacidade para conhecer o mau que isso traz. Todo ser humano sabe o que é um abalo na saúde, e na hora da enfermidade é capaz de refletir que sem saúde, de nada adianta seus bens ou riquezas, e consegue sentir exatamente o que sente todo ser humano nessa situação. A humanidade está em estado de coma.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Israel desmiolada

Antes de qualquer começo, não custa frisar que o latrocínio e o genocídio de Israel no dia 31 de maio apenas serviram para escancarar uma antiga verdade: o Estado israelense é covarde, injusto e necessita de sangue para se manter. Latrocínio, pois assassinaram friamente, fora de “seu” território, para roubar suprimentos que já tinham dono, a população Palestina que vive, se é se pode chamar de viver, na miséria por causa da doença sionista. Genocídio, porque Israel promove atos de extermínio dia a dia contra um povo, não apenas com tanques, mísseis e fuzís, mas com armas ainda mais perversas como a fome, a doença e a desolação. Para arrematar esse ponto, o caráter sanguinário e covarde de Israel, repito não mais que as palavras de um sujeito nascido em regiões palestinas: quem tem olhos para ver, veja.


Israel contra Palestina, judeus contra filisteus, o conflito não é novidade há milênios. Não quero arriscar parecer um entendedor do assunto. Na verdade, penso que o oriente do mundo é um lugar de mistérios, e não engulo tão fácil o que se diz ou desdiz por aqui sobre China, ou Coreia, África e principalmente Oriente Médio. Quero apenas compartilhar uma reflexão sobre a situação atual do conflito.

Fico vendo a covarde Israel massacrando até mesmo crianças ao longo dos anos e me sinto assombrado com o potencial da maldade humana. Maldade que traz amnésia e que faz esquecer. Esquecer o dureza e a tristeza dos relatos ancestrais de um povo que tem sua história marcada por guerras e cativeiro. Parece que se perde na memória a tirania dos faraós e dos césares, e os registros de um povo em lamento ao longo dos séculos. Ao contrário, parece que o único aprendizado foi o de reproduzir aquilo que sofreram nas últimas décadas, encarcerando uma nação inteira nos grilhões da miséria e fazendo da morte algo corriqueiro na vida das famílias palestinas. Israel se esqueceu que foram em meio àquele povo que os judeus fugitivos se exilaram à medida que o sionismo ariano se fortalecia em maldade. A maldade ariana que assolou os judeus num passado recente se repete no bloqueio imposto declaradamente há poucos anos, mas imposto em oculto há muito mais tempo. E o bloqueio mostrou ao mundo todo a que veio nesse episódio: veio para matar de fome, para matar de febre, para matar de escaras, para matar os sonhos, para matar a paz. Veio para matar até mesmo os filhos de um país parceiro como a Turquia, se os turcos ousarem levar ataduras, vestimentas, alimentos básicos, e um pouco de alívio. Primeiro as 10 mil toneladas turcas, depois mil e duzentas toneladas do navio irlandês do qual estavam a bordo um ex secretário da ONU, organização falida e coitada que nada é capaz de fazer pelos conflitos do mundo, e Mairead Maguire, que já foi vencedora do Nobel da Paz. Talvez os títulos tenham valido para impedir novos assassinatos, mas o navio foi igualmente impedido de seguir o seu curso e entregar sua oferta. Israel, que até hoje amarga o gosto dos atentados dos grupos terroristas, Israel de um povo ferido e marcado pelas consequências da guerra não sabe outra coisa que não ofertar a destruição e a morte.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Manifestação pelo Passe Livre - Hoje! (9/06/2010)

Oi pessoal!

Vocês têm acompanhado as notícias sobre o Passe "Livre" Estudantil? Podemos usar esse esapaço aqui para discutirmos também esse assunto. É só postar comentários.

Hoje tem manifestação na Rodoviária em defesa de um Passe Livre digno, que faça valer o direito ao transporte!

Hoje, quarta feira, 09 de junho,
às 18h00
na Rodoviária.


Divulgue essa informação! Envie o Link

http://cartadesmarcada.blogspot.com/2010/06/manifestacao-pelo-passe-livre-hoje.html


Abraços

sábado, 29 de maio de 2010

Em vocês, nós não pensaremos


Quem nunca sonhou em ser invisível? Estar sem ser visto poderia ter vantagens demais. O problema seria não poder voltar a visto. Por incrível que pareça, esse sonho de criança é a realidade de muitos. Eu mesmo me senti desse jeito no meu próprio bairro.

Já tem um tempo que cercaram muitos descampados aqui no Guará. A ideia é enchê-los de prédios e abarrotar a cidade. Alguns são gigantes, e tem um que promete de tudo. Deixaram construir uma cidade dentro da própria cidade. Eu fiquei curioso com os anúncios, mas acabei vendo um anúncio nas entrelinhas que me chamou a atenção e decidi compartilhar por aqui.

Piscinas para você mergulhar com seus filhos, espaço para você que é mulher melhorar sua estética, espaço pra isso, espaço praquilo, espaço pra todos os gostos e pra todas as idades. Só não há espaço pra você que não tem nossa cor”. Eu tirei fotos de todos os anúncios que tinham pessoas, pra ver se algum negro salvava essa história. E o resultado foi o pior possível. “Em vocês, nós não pensaremos”, foi a mensagem que eu vi surgi do fundo de cada um dos anúncios. Eu simplesmente senti que eu e meu povo não passamos de invisíveis, mesmo quando se fala no tal eficiente Mercado.

As fotos falam por si. São 17 placas como essas que estão aí em baixo. Vale muito a pena conferir. Acesse:

http://picasaweb.google.com/lh/sredir?uname=ensejo&target=ALBUM&id=5476761510149653985&authkey=Gv1sRgCPOF2tyg6Nmv4AE&feat=email








...E depois eles querem dizer que não existe racismo no Brasil. Tá aí um prato cheio, do lado da sua casa.

sábado, 15 de maio de 2010

Ilhas - Parte Três

Se alguém achou exagerado quando eu postei, eles insistem para você acreditar na veracidade. O lema é: viva a sua ILHA.





Vou repostar o texto sobre o qual eu estou falando. Abraços!


Ilhas habitacionais e o paradoxo do pensamento de massa e individualismo social


Essa é a parte II do texto do Setor Noroeste. Havia mais esse assunto pra tratar, e eu acabei optando por separar essa parte do texto anterior. O Setor Noroeste é um caso emblemático, mas se enquadra dentro desse assunto mais geral, que é o de hoje.

O que acontece é a existência de um fenômeno bem típico de sociedade, cuja dinâmica é a do desenvolvimento desigual e combinado (salve Furtado!), isto é: uma sociedade que cresce na riqueza (concentrada) e na pobreza ao mesmo tempo. Sim, é uma contradição, mas uma contradição de alma; no caso, a alma do modelo capitalista. Daí é que não causa surpresa o ‘bota fora’ feito para índios seculares, em nome da devastação de matas preservadas para a edificação de mais uma colônia de concreto de alto custo.

Um caso semelhante é o surgimento das ilhas habitacionais. Ilhas! Eu queria parabenizar a pessoa que teve a idéia de dar esse nome! Nenhum outro nome poderia se encaixar tão perfeitamente como esse. Aqui no DF já existem duas, Ilhas Maurício e Ilhas do Lago. E a idéia é bem essa mesmo, um oceano de pobreza e miserabilidade humana cercando um pequeno aglomerado de riqueza acumulada.

..Mas eu falei de riqueza, pobreza, e miséria humana? Porque é fundamental deixar claro que esses termos podem ser relativizados e postos de cabeça pra baixo. Afinal, que riqueza há em habitar um lugar, cujo valor injetado para comprar a especulação daria pra bancar a sobrevivência de famílias e famílias que perecem por não terem o mínimo necessário para viver? Que riqueza há em ter uma tv enorme e bonita, se o noticiário que o rico entediado assiste por ela só mostra violência e desgraça?

Além disso – e de muitas outras coisas que poderiam ser ditas nesse sentido –, existe um ponto muito interessante que eu gostaria de compartilhar aqui. É sobre o paradoxo do pensamento de massa e o individualismo social. É uma contradição muito interessante, não fosse o seu trágico conteúdo para a ‘nossa’ humanidade. Parece algo confuso e, à primeira vista,complicado de entender. Mas a explicação vai se tornando acessível na medida em que nos deparamos com exemplos variados desse paradoxo no nosso cotidiano.

O pensamento de massa, como o próprio nome já diz, tem a ver com isso aí que está em todo lugar. Um pensamento só, que serve como molde para uma frota, um exército de indivíduos. Uma só receita. Um só caminho para a felicidade – o segredo está enterrado nas Ilhas! O individualismo social, por sua vez, é a proeza que a sociedade é capaz de produzir, e que está resumido naquela conhecida frase: ‘sozinho no meio da multidão’. É a capacidade de um conjunto de indivíduos estarem juntos e separados ao mesmo tempo. É quando o seu sucesso é completamente dependente do fracasso de muitos. É quando o indivíduo é como uma ilha, e a sociedade é como um mar que não se cansa de tentar invadir, engolir. E aquele que se vê na posição de ilha e vê os outros como mar, é também o mar que inquieta a ilha que é o outro.

Acho que deu pra entender os dois pontos. Agora, o paradoxo que aí existe: Como é possível que os indivíduos sejam massa onde deveriam ser únicos, e únicos, onde deveriam ser coesos como os ingredientes de uma massa? É isso aí. É quando se consegue fazer com que um mundo inteiro não ultrapasse os limites de uma ilha.

domingo, 2 de maio de 2010

Homenagem aos Novos Candangos - 1º de Maio



Aos inconformados

Aos dignos indignados
Aos que ousaram lutar, não sem temer,
Mas ousaram.

Não sem perder,
Não sem ter famílias,
Não indolor,
Mas lutaram.

Em nossa homenagem
O dia primeiro de maio, construtores!
Em nossa homenagem
O aniversário da cidade-mãe que estamos a reconstruir!
Em nossa homenagem
O dia dezoito de maio, pela violência imoral e covarde da polícia à qual sobrevivemos!
Em nossa homenagem
O dezoito de maio, pelos delírios e a loucura de achar que a imensa corrupção poderia ruir!

Aos novos candangos
O suspiro esperançoso de um país
Que, embora, não esteja liberto
Sabe que pode contar com o amor rebelde de seus filhos
Quanto trabalho! Quanto suor!
Lágrimas! E ainda quanto sangue!
Numa obra deveras monumental
A implosão das pútridas obras de corrupção
E a edificação da cidade liberta.


Ortegal






Nesse 1º de Maio, homenagem aos que trabalham na construção de uma outra Brasília

Parabéns aos Novos Candangos!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ocupação da

Compartilho com vocêvisita o Carta a nota do Movimento Fora Arruda e toda a Máfia sobre a ocupação da nova sede da Câmara Legi$lativa do DF. Nesses 50 anos de Brasília, quero parabenizar a todos os Novos Candangos! Todas as pessoas que somaram força para a ruína do império de faraó Arruda e sua corja de ladrões! Parabéns pelo que já conseguimos! Força daqui pra frente, pois juntos vamos conseguir muito mais!



Nota sobre a ocupação do novo prédio da Câmara Legislativa do DF

Por foraarrudaetodamafia

Brasília, 21 de abril de 2010

Nota sobre a ocupação do novo prédio da Câmara Legislativa do DF

O Movimento Fora Arruda e toda a Máfia – criado após o estouro do maior escândalo de corrupção do Brasil, a Caixa de Pandora – continua na luta por uma nova política no Distrito Federal, com a construção de novos 50 anos para Brasília.

Exatamente no cinqüentenário da capital federal, ocupamos o prédio destinado à nova sede da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Este ato simbólico busca expressar toda a indignação da população brasiliense com a atual situação política e social em que vivemos. Não podemos deixar que as comemorações dos 50 anos de Brasília sirvam como uma nuvem para camuflar todas as injustiças do DF.

Não podemos aceitar um governador eleito por 13 deputados – dos quais 8 estão comprovadamente ligados às denúncias de corrupção do DF. A escolha de um governador deve ser feita pelo seu povo. Exigimos a impugnação da eleição indireta de Rogério Rosso (PMDB), que esteve a serviço de Roriz e Arruda nas últimas gestões de governo e representa a continuidade dessa mesma política.

O prédio que ocupamos – superfaturado e desnecessariamente grande e luxuoso – não pode abrigar os mesmos corruptos que elegeram Rosso e tentam nos calar com panetone. Ele deve ser destinado às necessidades da população. Sua gestão deve ser feita diretamente pelos movimentos sociais. O primeiro passo para essa conquista é a realização de uma auditoria das obras do prédio, que custou três vezes o valor do orçamento inicial.

Exigimos também uma auditoria das obras da nova rodoviária. Aliás, toda a política de transportes do DF tem que ser questionada. É preciso cancelar o contrato do atual passe livre com a empresa Fácil. Lutamos por um transporte realmente livre, gratuito e de qualidade. Os usuários têm o direito de construir um transporte verdadeiramente público para o DF, participando ativamente das decisões.

Para começarmos a construir outros 50 anos, é fundamental que o atual Plano de Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) seja totalmente anulado. A farsa do Setor Noroeste como um bairro ecológico tem que ser desmascarada. É preciso respeitar a comunidade indígena do Santuário dos Pajés e a biodiversidade. É inadmissível construir apartamentos exclusivos para a elite local, enquanto milhões de pessoas não tem condições adequadas de moradia. A ação cautelar que impede as obras no Noroeste tem que ser cumprida.

Todas as investigações devem ser aprofundadas e os corruptos, punidos. A população deve ter acesso a todos os vídeos do inquérito da Caixa de Pandora. Só quando todos estiverem cientes do que está acontecendo nos bastidores da política, teremos força para construir o poder popular. Nenhuma ação violenta e repressora vai nos parar. Exigimos a demissão do Coronel Silva Filho, da Polícia Militar – responsável por várias agressões criminosas contra o movimento.

Participe dessa luta você também. Venha para a Câmara! Mostre que você também está indignado. Coloque faixas pretas no seu carro, na sua janela ou onde mais a criatividade deixar. Poder para o povo!





sexta-feira, 16 de abril de 2010

Por trás do caso Ademar de Jesus

Seria mais fácil eu falar hoje sobre Jesus e alguém perguntar "quem é esse?" do que falar sobre Ademar de Jesus e alguém estar por fora. A polêmica em torno da soltura de Ademar, hoje conhecido como Maníaco de Luziânia, alimenta os noticiários. Não quero fazer o papel de advogado do diabo, mas quero trazer à tona alguns pontos que ficam ocultos em histórias como essa, mas merecem discussão.
Descobriram que o assassino já havia sido preso, e descobriram que ele sofre de transtornos mentais. E é desse fato que decorrem os dois pontos que quero chamar a atenção.

Vejo na mídia e na boca do povo a indignação por existir um louco solto nas ruas. E a indignação é dobrada ou é mais, pois foi descoberto que o louco já havia sido preso antes e agora andava solto. E isso trouxe à tona duas velhas discussões.

A primeira teve como porta-voz o ignorante presidente da CPI, Magno Malta (PR), que quer dar voz à ideia de que os loucos precisam ser presos para sempre, até que se encontre a cura para cada transtorno. Não se discute a saúde mental no DF, não se discute a atenção a transtornos. A única coisa aceitável é o manicômio perpétuo para sãos ou insanos.

A outra é o retorno da bola de cristal contra o crime. Surge de vários setores o clamor pela realização de exames de periculosidade. Como se fosse possível a alguém prever o comportamento futuro do outro. No fundo no fundo, até o mais néscio dos homens sabe que nem mesmo as divindades Médico e Juíz são capazes de dizer "esse aqui pode sair. de acordo com meus cálculos, ele não vai cometer crime nenhum. Mas aquele ali...." E assim se invalida os outros saberes, como é o caso do Serviço Social, da Educação, os cuidados paliativos, etc. Invalida-se a escola, os cuidados da família, os programas de saúde da família e da comunidade, etc. Vale tudo para isolar da nossa sociedade sã os "loucos perigosos", transformando-os em "doidos varridos". Varridos pra longe, para Alcatraz.

O que eu gostaria era isso. Fazer refletir sobre aspectos que julgo serem mais importantes do que saber se o tribunal agiu certo, se a culpa é do juíz, do psiquiatra, da equipe psicossocial, e essas coisas, típicas de quem não quer enfrentar o problema maior, e ganha ibope discutindo o pontual sem efeito. Mas, para as pessoas que querem fazer dos presídios manicômios perpétuos e vice-versa, eu acho que vou acabar agradando com essa notícia: tá cheio de deficiente e doente mental atrás das grades por serem assim.


* * *

Pra quem quiser deixar o bla bla bla um pouco de lado e quiser dar lugar à ação, existe um trabalho sendo feito com uma das famílias de Luziânia que teve o seu ente querido assassinado. Quem quiser somar força, me escreva, não nos comentários, mas por email: ensejo@gmail.com

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Ficha Limpa e Ficha Suja

Tem horas que as coisas ficam tão bizarras que fica até difícil se dar conta. Há um projeto de lei que não pede nada além de uma coisa: que pessoas que foram sentenciadas por desrespeitarem a lei não venham a ocupar as cadeiras do legislativo. Pergunto: quem temeria essa lei? Essa semana o tribunal supremo da justiça (o stf) se esquivou de seu dever e deu um olé na sociedade, que preparou uma manifestação no dia e já arrecadou mais de 1600000 assinaturas de que é favorável ao projeto. Mas o que a ser feito de justo era adiar essa votação. Ãn?

-

Agora a culpa é da chuva?

Quase duzentos pobres morreram em consequência da chuu... quer dizer, o capitalismo fez vítimas concentradas esses dias no Rio de Janeiro. Ele deixou tudo preparado, os barrancos, os barracos, e a cobertura cara de pau de fingir que não previa que uma hora iria chover pra matar pobres, como vemos aliás todos os anos. Até agora são mais 15000 desabrigados, se é que morar no barranco ou na encosta propícias ao soterramento é, de fato, morar. Só no capitalismo mesmo. Tá aí uma coisa bem sucedida, viu... Porque tem que ter muita proeza pra assassinar pessoas de fome, em soterramento e etc ano após ano, por anos a fio.

-

(...)

E enquanto isso, impera na sala de depoimentos da Polícia Federal o silêncio de cheiro podre, do consentimento com a usurpação, a mentira, e a hipocrisia de quem rouba e não se envergonha nem de ficar calado quando chamado a ajudar que a justiça se estabeleça.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Você precisa

A Apple lançou esse sábado uma nova mercadoria: O iPad.

Não vou descrever o que é nem nada do tipo. O ponto que quero abordar é: um exército de consumidores (no sentido mais pleno da palavra) fazia fila pra esperar o início das vendas. Eram cerca de 500 pessoas ao redor da loja esperando a hora de consumir o produto.


Sobram reportagens pela internet cobrindo o evento. E eu fiquei impactado com o que li.

Uma menina de 11 anos esperava, desde as 5 da manhã, pra tentar ser uma entre as primeiras. Estava acompanhada da mãe, que com certeza ensinou uma importante lição sobre o consumo, e também da avó, cuja única serventia era a de viabilizar a compra de um terceiro produto, pois em ocasiões como essas, o capitalismo põe coleiras nos seus consumidores endemoniados pelo consumir. Nesse caso, até uma velha vira refém.

Um outro saiu da Austrália. Ele não poderia esperar nem um dia sequer para poder 'brincar' com sua nova mercadoria em sua casa feliz.

Todos os que compraram no dia tiveram que adquirir o seu 'direito de comprar' com antecedência, preenchendo um formulário na internet. Mesmo assim, a exemplo do lançamento do iphone, teve gente acampando por mais de um dia do lado de fora. Que apetite.

O objeto custa a partir de 500 dólares.

Os assalariados da Apple aplaudiam no corredor da saída aquele que conseguia a vitória de poder pagar por um desses produtos.










quinta-feira, 25 de março de 2010

Gotas

PaulOOctávio se silencia diante da sangria da capital

P.O., que ainda seria chamado a depor, se antecipou e foi espontaneamente à Polícia Federal. Pra que? Pra entrar mudo e sair calado. É bom que fique evidente a todo e qualquer cidadão desse país que o silêncio nessas horas é o total consentimento com a perpetuação da corrupção generalizada. Só espero que aqueles que sabem o quanto Paulo Octávio roubou e mentiu desde suas construções até a política não imitem o seu silêncio sepulcral, com o odor da cadaverina que apodrece os ares dessa cidade.


Greves silenciadas pela mídia


Professores da UnB e metroviários são apenas dois entre os grupos que reivindicam melhorias na base do grito e bate pé, pois é sabido que no Brasil não há outro caminho (a não ser pros ladõres da capital). Uma TV que deveria atender à população deveria fazer uma cobertura ampla, integral, de todas as lutas dos trabalhadores que movem as engrenagens da sociedade. Mas todas as concessões nunca deixam de ser renovadas para os jornais ficarem mostrando só morte e violência, paralizando a população.


Gasolina no DF


Até quem não anda de carro no DF viu os preços dos combustíveis despencarem. Vá lá.. chegou a cair até 50 centavos. O gerente da Gasol disse aos jornais mais ou menos assim: "Se não tem clientes, tenho que baixar o preço para vender.", aí depois ele lota a cara e entope os sete buracos da cabeça pra poder soltar essa: "Mas não tem nada a ver com pressão popular" Hahaha! Falou isso tremendo de medo do pessoal duvidar, não foi, não? Só falta dizer que o povo nas ruas não tem nada a ver com a queda do Arruda e seu bando...

Sobre esse último assunto, eu confesso que só não faço um post bem grande e completo porque estou meio sem tempo. Mas digo a vocês: sabe aqueles emails da gasolina no DF? Eles possuem uma estrátegia de boicote acertada e foi ela que fez baixar os preços dos combustíveis. Porém, uma coisa precisa ser ajustada ali: não adianta boicotar os postos BR sem boicotar a Gasol. É a Gasol quem carteliza os preços no DF, e eles têm postos Shell, Texaco, BR, etc. Então fiquem atentos para não dar dinheiro ao cartelizador e vocês verão os preços baixarem ainda mais.
E andem de ônibus sempre que der, mais e mais! E andem de bike também! E dêem carona! E sejam felizes! ( =P )

quarta-feira, 10 de março de 2010

Entrevista com Sra Arruda e Fraga

Consegui o e-mail da Sra Arruda, esposa do governador preso, e do deputado Fraga, um policial durão, amigo pessoal do detento. Fui atrás porque achei as perguntas respondidas até agora nas entrevistas muito água com açúcar. Principalmente a que saiu ontem. Resolvi preparar um roteiro de entrevista para a Sra Arruda e Fraga, para que a gente possa entender melhor a situação. Eis o roteiro. >)


Fraga: se for comprovado que Arruda é mesmo um bandido de marca maior, você promete ser durão com ele como defende que o Estado trate os que cometem crimes? Todos sabemos que você é do tipo “todo bandido é safado e tem que mofar na cedia”. Você não acha que a PF tá luxuosa de mais pra ele não? Ele tem até almoço exclusivo todo dia!



Falando em almoço exclusivo, Sra Arruda, eu estava me lembrando que, segundo a nossa Constituição, todos são iguais perante a lei. Mas eu e você sabemos que Arruda tem recebido um almocinho exclusivo que ouvi dizer que é tão caro que tá sendo aberta aí até a operação “PF x PF”, pois a Polícia Federal tá querendo investigar de onde tá saindo o dinheiro que paga esse prato feito que o detento Arruda tá comendo. Mas se é só ele que recebe esse privilégio, então o que você acha que devemos fazer pra cumprir a lei: A gente libera as esposas dos outros detentos do DF a levarem a comida pra cada um, ou Arruda passa a comer a “xêpa” servida lá no presídio Cascavel?


Eu não sei afirmar com certeza, mas eu acho que a Sra visita o detento todos dias, não é? Na verdade, o Arruda recebe tanta visita que aquilo ali tá virando “A cela mais vigiada do Brasil”, um verdadeiro Big Arruda Brasil. Mas isso não muda a Constituição, e eu faço a mesma pergunta que fiz acima: vamos liberar pros demais detentos do DF ou seu marido só vai começar a te ver uma vez por final de semana?


É... o que eu to vendo é que tem um detento no DF que tá cheinho de privilégios. E ainda tá querendo fisioterapia!? Mas como nós vamos fazer com a reputação do DF e do Brasil, de sermos uns dos que tratam da pior forma os seus presos? Aliás, essa era uma boa hora para os políticos começarem a rever esse trato aos detentos, pois essa história toda mostrou que se bobear eles pegam um belo de um cadeião também, você concorda?


E a proposta de liberar o Arruda para se inscrever na fisioterapia do Hospital de Base? Mas sem QI (quem indica). Talvez ele iria gostar, afinal, essa é a saúde que ele vem oferecendo ao povo do DF, povo que ele diz amar, mesmo nos dando esse presente de grego.



E você, Fraga, o que acha de todas essas regalias para quem hoje responde por atrapalhar as investigações logo da polícia, tentativa de suborno, falsidade ideológica, crime eleitoral, além de estar atolado de evidências que comprovam o típico cirme de Robbin Hood invertido, quer dizer, pega do pobre pagador de impostos, para dar aos ricos sonegadores? Você não pensa que se deva endurecer com ele, como você pensa quando fala da maioridade penal, das regalias de bandidos, etc.?

Sra Arruda, na sua entrevista, você mencionou que a filha de Arruda está sentindo a falta do pai, e que a família ficou abalada. Lamento a situação da criança, acredito que ela não deve ter nenhum envolvimento nos atos de vandalismo do pai, e agora sofre sofre sua ausência. Será que Arruda, que hoje sente esse brusco afastamento, sabe que a realidade dos 400000 detentos desse país é a mesma? Se sim, então por que tem reforçado a polícia que prende, enquanto põe em frangalhos o acesso a saúde, educação e assistência social? No caso de vocês é menos pior – vocês são milionários. Mas diga uma palavra de consolo ao adolescente que pode está triste, pois o pai está preso, mas que ainda por cima está a ver a mãe no desespero e o choro dos irmãos mais novos por simplesmente não ter um real pra comprar a comida ou pagar aluguel que já andava atrasado?




Pra finalizar, gostaria que vocês dissessem o que pensam sobre a seguinte pergunta: Sabemos que um ladrão que responde por assalto pode ficar anos mofando em uma cadeia superlotada, não tem nem cama muitas vezes, e o banheiro é aberto e no meio da cela, com visitas apenas nos finais de semana e almoço precário. Tendo em vista essa realidade, qual seria então a pena para alguém que assaltou milhões – e de milhões de pessoas?



O Carta Desmarcada agradece.

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E você aí, tem alguma outra ideia de pergunta que possa ser feita aos parceiros do detento Arruda? Posta aí no comentários. Obrigado.

terça-feira, 2 de março de 2010

Gotas

Polícia para promover a desordem e a incoerência

Hoje teve manifestação na Esplanada. Estava combinado que os manifestantes iriam ocupar duas faixas do Eixo Monumental, mas ocuparam simplesmente todas as seis. Eram os tais dos estudantes? Eram os sindicalistas? Era o MST!? Não. Era ninguém menos do que a própria polílica. Não a do DF, mas a dos outros estados, exigindo equiparação com o bom bocado da PM distrital, a mais bem paga pra bater no povo. Até o início da tarde, eles continuavam ocupando (ou invadindo, como eles gostam de dizer quando tem alguém se manifestando, digo, fazendo baderna) todo o eixo no sentido Rodoviária - Esplanada. Eu sei que tem exceções na polícia, mas pra quem apanhou com bomba, spray, cacetete e foi até esmagado por cavalos, soa meio incoerente ver a polícia fazendo hoje aquilo que condenou ontem duramente. E o que é pior: se a polícia está fazendo baderna, quem irá restaurar a ordem, a fluidez no trânsito e etc? Vamos aguardar para ver o que a coerente PMDF irá fazer com seus colegas de corporação.



Farsa no Passe "livre" estudantil

Quem tentou tirar o passe livre estudantil se deparou com uma farsa do governo Arruda, cujo secretário de transportes é o braço direito Fraga (se bem que foi mais um dos que acabou tendo largar o osso já pediu pra sair). A primeira das farças é a má vontade: montaram uma estrutura precária pra atender toda a população estudantil do DF, e até hoje nao se cadastrou toda a demanda. A outra é a restrição da lei: uma proposta defendida pelos estudantes lutadores, que buscava toda uma compreensão de acesso não só à educação, mas à cultura, ao lazer... enfim, de acesso a aspectos de uma cidadania plena, vivida até então apenas pelos estudantes que moram no Plano e por aqueles que tem condições de arcar com passagens e limitações de horários dos ônibus. O que era uma demanda popular ampla, virou essa coisa restrita, apequenada, típico dos gastos Arruda com direitos sociais. Mas a farsa mais exagerada foi a que deu no sbt hoje e eu mesmo não tinha me dado conta: quem mais precisa do passe livre estará pagando mais caro do que pagava antes para tê-lo. Como o GDF muquirana só libera 54 passes, quem usa 4 passagens por dia já tá pagando pra rodar. Se as passagens forem mais caras então... Paga mais caro do que pagava quando era só o passe estudantil de 1/3 da passagem. Quanta esperteza...


"A ilha dos irmãos Castro"

Prezado Sr. Willan Bonner, quero te dizer que você é o rei das pitadinhas de manipulação dos fatos e da opinião do brasileiro comum. No dia em que Lula foi a Cuba, você se referiu ao país como "a ilha dos irmãos Castro". Parece inofensivo, mas nós sabemos o quanto é malicioso esse comentário. Sabemos que Fidel ocupou durante décadas o cargo máximo de liderança em Cuba, e sabemos também que, porque ninguém vive pra sempre, Fidel ficou doente e o cargo ficou com seu irmão, Raul Castro. Mas e daí, sr William? Você sabe que o Brasil é conhecido como "a ilha da alegria da família Marinho", família da qual você é um mero lambe rabo. Você deve saber que aquilo que você chama sinicamente de democracia é, na verdade, o capitalismo, e é responsável por um terço da humanidade "viver" com fome, na miséria e sonhando em ter as mercadorias que financiam o JN e aparecem no comercial do seu jornal mentiroso, mesquinho e elitista. Eu ia dizer que você é um ignorante que não sabe nada sobre Cuba, sobre a democracia cubana, o sistema de eleições de lá e etc., mas não vou dizer isso. Eu sei que você sabe como é, eu sei que você sabe a mortífera democracia falsificada em que vivemos. Você é pior. Você é perverso, pois conhece a verdade, mas a destorce, só para continuar lambendo o rabo da família Marinho. O "jornal da família Bonner" é deplorável.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Feitiço Poético em Arruda

Hoje eu recebi uma notícia engraçada. Fiquei sabendo que um homem guaraense a quem muito admiro, o Adilson Didi, foi visitar o nosso ex governador Arruda para entregar-lhe um presente. Só que o presente era nada menos do que a Antologia Poética do Guará, uma coletânea de poesias de autores do Guará e do restante do DF. Eu, como não sou lá um poeta, mas sou um guaraense malandro, dei um jeito de colocar o meu punhado de palavras românticas lá dentro. Mas o livro reúne artistas ilustres, como Mangueira Diniz e Nicolas Behr. Tem muita coisa ali que vale a pena. Voltando ao assunto primeiro, eu fiquei sabendo da história por um amigo, mas como miséria pouca é bobagem, a sensação saiu até na Folha de São Paulo... não podia ser num jornal um pouquinho menor, não. Muitos amigos poetas ficaram zangados, e praguejaram o caso - principalmente porque são co-autores da obra, e não lhes foi avisada a tal presepada". Só souberam pelo jornal. Eu, que nessa vida já sofri bons bocados, procuro aprender da minha dor. E consegui dar risada quando soube da tragédia, afinal, me dê licença que eu tenho mais o que sofrer. Mas acho que o fato de eu ter arejado minha mente com boas risadas me fez enxergar uma luz de esperança nisso tudo, e foi por isso que eu trouxe a história pra cá.













Acontece que poesia é feitiço, e feitiço traiçoeiro. E na Antologia Poética do Guará tá cheio desse tipo de mandinga. Se o nosso governador presidiário resolver de ler uma amostra, ele pode amargar um bom tiro a sair pela culatra. Se ele se encontrar com os versos afiados de Nestor Kirjner, por exemplo, vai chorar quando ver um lado da Brasília de 50 anos que o próprio governador preso organizou ao longo de todo o seu mandato, mas insistiu em fingir não ver. Se ele esbarrar com meus versos, padecerá de semelhante infortúnio. Meus versos, aos quais pedi que servissem de manto, não servirão a Arruda: É que ele já está recoberto com manto de sangue. Queria ter sido eu a entregar um exemplar desta obra ao detento, para, numa singela dedicatória, escrever: "o sangue daquelas crianças escorre é das tuas corruptas mãos".


Espero que o livro lhe chegue, e que, em chegando, lhe traga um feitiço poético daqueles. Nao daqueles de acalentar a alguém que sofre, mas daqueles de desnudar a alma para que ele consiga enxergar a sua, no profundo fosso de corrupção onde está mergulhada.



* * *


Eis a poesia de minha autoria publicada na Coletânea Poética do Guará:


Verso Manto


Vai, verso meu,

Verso solo e que é frágil,

Se desfaça, qual neblina,

E torne-se a atmosfera da terra.


Vai, verso meu,

Faz o que há de ser feito

Para redimir nossa alma.

Cai do alto.

Goteja sem fim nos pedrados corações

Até que fure

E mostra o quanto a dor de um só machuca a tantos.


Vai, verso de sol,

Leva o calor de seu sentimento

E evapora o pranto.

Afaga o que morre por dentro

Ao ver morrer um dos seus

Ainda criança.


Vai, verso manto,

Se abra e recubra

Aqueles que sofrem o flagelo e a desgraça

De viver padecendo no mundo.

Leonardo Ortegal


* Inspirada na dor que é perder um filho,

sobretudo quando vítima de violência e omissão,

como foram as mortes no CAJE em 2008 e em todos os anos.


 
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