domingo, 2 de dezembro de 2012

Candidatos ao Conselho Tutelar assinam carta-compromisso com os direitos de crianças e adolescentes

Por: Leonardo Ortegal e Francisco de Filipo (Chico)

No dia 16 de dezembro haverá, em todo o Distrito Federal, eleição dos/as novos/as Conselheiros/as Tutelares, para mandato ao longo do triênio 2013-2015.A construção deste processo eleitoral envolveu longas batalhas, com constantes mudanças nas regras e datas. Ao final, quase 700 candidatos/as estão em ritmo de campanha, buscando apoio da população para se elegerem.

Neste triênio, os/as futuros/as conselheiros/as conviverão com um processo eleitoral de grande porte, a realização da Copa das Confederações e Copa do Mundo e um contexto onde vemos o aumento das violações de direitos, em distintas esferas, exigindo participação cada vez mais ativa, independente e críticas daqueles/as responsáveis por zelar pelos direitos das crianças e adolescente.
Com intuito de fortalecer o debate a respeito do papel dos/as conselheiros/as tutelares nesta conjuntura, CEDECA, CECRIA, MTST, CFEMEA, Coletivo da Cidade, Comitê Popular da Copa, Jornal O MIRACULOSO e outras entidades organizaram, na noite desta quarta feira, 28/11/12, um debate aberto e divulgado a todos/as os/as candidatos/as, convidando-os/as para a assinatura de carta de compromisso com os direitos da criança e do adolescente.
O debate organizado foi uma das únicas oportunidades em que a população pôde conhecer melhor os/as/ candidatos/as ao cargo de conselheiro tutelar, bem como estes puderam aprofundar e discutir temas centrais de sua atuação. Neste sentido, este espaço contribuiu de maneira relevante para o fortalecimento do processo eleitoral para os Conselhos Tutelares e para a política de infância e adolescência do Distrito Federal.
Ressalta-se que a carta continua aberta a novas assinaturas, mantendo seu caráter universal e democrático, e tornando-se um instrumento perene de reflexão e comprometimento com os direitos das Crianças e Adolescentes.
Fique sabendo: O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) define o Conselho Tutelar como sendo o “órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente” (extraído do art. 131).




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Abaixo estão os nomes dos/das candidatos/as que assinaram a Carta Compromisso no encontro, e em seguida a publicação da carta na íntegra.
  • Para saber os números dos/as candidatos/as, locais de votação e outras informações, visite http://www.crianca.df.gov.br/processo-de-escolha-para-conselheiro-tutelar.html

Assinam a Carta Compromisso:
Alessandro Andrade - Estrutural
Alisson Marques - Guará
Bruno Calazans - Riacho Fundo I
Clemildo Sá - Brasília
Cristiane - Sobradinho II
Daniela - Riacho - Fundo II
Daniella Eleutério - Lago Norte
Dany Silva - Vicente Pires
Delma - Brazlândia
Indinara - Guará
Ivone - Sobradinho I
Jaqueline - São Sebastião
Lua Ísis - Brasília
Graça - Santa Maria
Marcão - Samambaia
Natálicia - Sobradinho II
Nilmar - Lobo Taguatinga
Ricardinho Leal - Ceilândia
Rodrigo Campos - Sobradinho II
Rosália - Brazlândia
Serginho Leonel - Brazlândia
Victor Nunes - Brasília
Zita - Planaltina
Carta Compromisso Candidatas/os ao Conselho Tutelar
As/Os Conselheiras/os Tutelares do Distrito Federal para o próximo mandato, triênio 2012-2015, têm o desafio de lutar pela garantia dos Direitos das Crianças e Adolescentes e avançar na construção do Sistema de Garantia de Direitos – SGD, em um processo de crescente criminalização da pobreza, das crianças, adolescentes e da Juventude. Não é um desafio fácil. 
A população infanto-juvenil do Distrito Federal não vê na aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, principalmente no que se refere ao princípio de prioridade absoluta. Atualmente, verifica-se:
·         Uma política pública que prioriza a relação com a Copa do Mundo ao invés das políticas de inclusão e promoção social. Enquanto os investimentos no Sistema de Garantia de Direitos, no Sistema Socioeducativo, na Educação Infantil e na Saúde Mental foram quase nulos nestes dois anos, a construção do Estádio segue em ritmo acelerado e consumindo bilhões. Enquanto a política de segurança é reforçada, pouco se fez para fortalecer programas como o Enfrentamento da Violência Sexual e Erradicação do Trabalho Infantil;
·         A falta de prioridade e sensibilidade por parte do judiciário e do GDF culminou recentemente e mortes seriadas na Unidade de Internação do Plano Piloto (antigo CAJE), que continua funcionando superlotada a despeito de decisões que ordenam seu fechamento urgente. Executivo, Legislativo (por não fiscalizar) e Judiciário, em última instância, foram os responsáveis pelas mortes destes adolescentes;
·         O aumento da política de repressão e criminalização de nossos adolescentes, com abordagens violentas por parte dos órgãos públicos do Executivo e Judiciário, o cerceamento ao direito de ir e vir, em especial relacionado às crianças e adolescente em situação de rua faz com que o DF tenha o maior índice de encarceramento de adolescente no país, o que mostra, por um lado, a falência das medidas e políticas de inclusão e ressocialização e, por outro, o crescimento de um modelo de cidade que leva a exclusão social;
·         Algumas medidas mais recentes, como a violência policial e de agentes da AGEFIS contra conselheiros tutelares que lutavam pelos direitos das crianças em ações irregulares na Vila Estrutural, apenas demonstram a visão predominante de que iguala pobreza a criminalidade e, portanto, retira a liberdade de toda uma classe social já marginalizada.

       Mas esse cenário não é novo. O movimento de garantia de direitos sempre se defrontou com uma forte oposição de reconhecer crianças e adolescentes como sujeitos de direitos. A mesma dificuldade enfrentam todos os movimentos sociais que lutam pela justiça na defesa dos segmentos historicamente oprimidos no Brasil.
 É hora de avançarmos nas políticas públicas destinadas ao público infanto-juvenil. É necessário repudiar as tentativas de redução da idade penal. Nesse sentido, destaco e defendo estes princípios fundamentais, que devem orientar a atuação da(o) conselheira(o): a) a proteção integral; b) a prioridade na elaboração do orçamento público; c) a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento e; d) a participação popular.
A reivindicação da garantia integral e indivisível dos direitos é imprescindível para a organização do Sistema de Garantia de Direitos, incluído o Sistema de Medidas Socioeducativas. Os direitos fundamentais devem ser garantidos pela simples condição de crianças e adolescentes serem pessoas e não em virtude de necessidades.
Cabe ao Estado promover, por meio de recursos públicos, a execução de políticas públicas destinadas à efetivação dos Direitos Fundamentais. Isso significa que dívidas fiscais e gastos com eventos bilionários não são prioridades, muito menos obras que não levam ao bem-estar do povo. Ademais, o Estado não deve se valer da articulação entre governo e sociedade civil para implementar medidas de terceirização e privatização.
As/Os Conselheiras/os Tutelares, para além de agentes públicos, são representantes da comunidade na articulação da rede de proteção de crianças e adolescentes e desempenham papel fundamental no controle social dos poderes estatais. Estas/es têm a obrigação de participar dos fóruns da sociedade civil organizada, do fortalecimento da Associação de Conselheiras/os Tutelares e contribuir para a formulação das resoluções do Conselho de Direitos.

Por fim, entendo que somente a organização popular poderá consolidar a conquista de direitos e compreendemos que a defesa da criança e adolescente deve estar associada à luta por uma profunda transformação social. Comprometo-me em apoiar, assim, todas as manifestações de organização da sociedade e da classe trabalhadora em defesa dos direitos e contra as opressões do sistema capitalista.
Nestes termos assino esta carta:

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A Morte do Tatu Cola

Para quem quiser saber mais a fundo sobre o caso do mascote da FIFA, recomendo que leia esse texto! E repasse se for possivel! Veja tambem esse video sobre o assunto para entender porque o Brasil vai ser o grande frangueiro nessa copa. O texto eh escrito pelo proprio movimento que realizou o manifesto.

http://vimeo.com/51188937

Obrigado,
O.

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Invasões Bárbaras



Vândalos invadiram a esplanada; bárbaros estrangeiros enfiando guela abaixo sete metros de material sintético vestindo o brasão das potências estrangeiras. Seguranças protegem o Tatu Cola, estandarte do exército inimigo, mas o verdadeiro tatu bola, sem segurança, continua em extinção.
A morte do Tatu Cola na Esplanada dos Ministérios não foi um ato de vandalismo nem um protesto contra a Coca Cola em si, muito menos contra os nomes estúpidos sugeridos para o infame boneco, como foi veiculado pela grande mídia. É claro que essa mídia corporativa, que recebe verba das grandes empresas e sobretudo o GDF, não iria refletir sobre o ato que na verdade foi uma expressão de repúdio aos grandes opressores e oportunistas que estão por trás do evento da Copa do Mundo no Brasil.
Pra quem é feita a copa? Os ingressos caros apenas poderão ser adquiridos por uma minoria rica (o fim da meia entrada já exclui os incômodos estudantes); o acarejé, Patrimônio Imaterial da cultura brasileira, não poderá ser comercializado pelas tradicionais baianas nas imediações dos estádios, pois lá só os patrocinadores oficiais da FIFA (Coca Cola e McDonalds) terão primazia para matar a fome de gols dos entusiasmados compatriotas.
Nas cidades sedes a população pobre é despejada violentamente das proximidades dos estádios. Em Brasília foram investidos 3 trilhões de reais nas obras de infraestrutura do mega evento, enquanto um Zé Ninguém espera semanas com o corpo cheio de fraturas expostas para uma cirurgia nos hospitais públicos. Os trabalhadores usam o pior transporte público do país para morrerem anônimos em obras superfaturadas. O país inteiro ainda clama por verbas para ter uma educação decente e este evento e seus patrocinadores ignoram as necessidades básicas da esmagadora maioria da população.
Por isso a “morte” do Tatu Cola não é um ato de vandalismo é uma resposta a todo cinismo, corrupção e violência que os verdadeiros vândalos das grandes empresas e do governo impõe, com ajuda da mídia, às vozes dissonantes.
Será que as crianças querem olhar o buraco de um tatu de plástico? Aplaudir um jogo comprado que sustenta a destruição dos nossos patrimônios naturais e culturais? Nós queremos futebol, mas queremos que o esporte seja a afirmação das nossas riquezas, a alegria do POVO, e não meio de enriquecimento ilícito de poucos e arma alienação em massa.



terça-feira, 15 de maio de 2012

A prisão de Emicida: o Rap é remédio na ferida

prisão de Emicida: o Rap é remédio na ferida

15/05/2012 15h42
Emicida x Policial - Belo Horizonte
O rapper Emicida foi preso esse domingo (13) após um show em Belo Horizonte.Como já deu em todos os jornais e foi intensamente comentado nas redes sociais, eu nem preciso descrever o que ocorreu. Além do que, a assessoria do artista disse tudo direto da fonte. O rap ainda é dedo na ferida, e é verdade. A música do preto favelado que faz mágica com as palavras assumiu forma profética nesse domingo. Qualquer brasileiro sabe que aquilo não foi crime. Qualquer polícia sabe que não foram as palavras distorcidas no B.O. o grande crime de domingo. O crime é pôr o dedo na ferida. É crime no Brasil dizer verdades, se expressar. Ainda mais se tudo isso tiver tom de informação. Informação sobre as mentiras ensinadas, desde o berço até a cova, por aqueles que nos querem submissos e pacatos.

Leia o texto completo em www.miraculoso.com.br , o jornal para o qual estou escrevendo agora.
abraços!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Por que sim à paridade

Compartilho aqui o texto do Pedro Mesquita sobre a paridade na UnB! Informe-se!!
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Por que sim à paridade: resposta ao professor Paulo Celso dos Reis Gomes
Pedro Mesquita de Carvalho[i]

Numa tentativa tímida de qualificar um pouco ou esquentar o frio (ou esfriado) debate sobre a paridade, foram publicados no dia 02/04/2012, no site da Secretaria de Comunicação da UnB (SECOM) artigos de professores pró e contra a paridade. A questão está na ordem do dia, no entanto, além do esvaziamento do debate, (principalmente entre os alunos) os pontos discutidos nunca dão conta de abarcar totalmente a questão, pois pelo que percebemos a Universidade ainda caminha lentamente no que tange às suas atribuições políticas e educacionais. Ressalvo apenas que as tais “funções políticas da Universidade” não se ligam diretamente a questões partidárias, embora elas existam e sejam de alguma forma importantes, principalmente para os que acreditam nesse caminho, que não é o meu caso.
O panorama da questão na UnB se configura em um estado de coisas bastante complexo, levando em consideração os primeiros passos para a paridade terem sido reconquistados a pouco tempo, estando fundamentalmente ligados aos processos políticos recentes na Universidade. Ao que parece, a situação dos alunos é a mais problemática, mesmo sendo a esmagadora maioria da comunidade acadêmica, sobretudo nesses quatro anos de implantação do REUNI e expansão da UnB. O DCE “parlamentarista” esvazia o debate político entre os estudantes, concentrando tudo no CEB, legitimado pelas “pseudo-lideranças” estudantis, que parecem ter se adaptado muito bem a essa nova configuração. Um reflexo negativo da política conduzida pelo DCE (com relativa culpa da gestão passada) é o fato de que o instrumento mais democrático, fundamental e pedagógico da política estudantil ter sido, de uma ora para a outra, esquecido. Deve fazer mais de um ano que não temos uma Assembleia Geral dos Estudantes, temos pelo menos três gerações de calouros que não fazem ideia do que é uma Assembleia Geral, fato que deve estar agradando muita gente. No momento que os estudante se tornaram uma expressiva força na política educacional, seu principal órgão de “representatividade” se recolhe, enfraquecendo e desmobilizando a atuação estudantil.
Se colhermos alunos a esmo pelo CEUBINHO ou UDFINHO, nas Faculdades e Institutos, pouquíssimos vão poder responder alguma coisa sobre Paridade, Autonomia Universitária ou eleições para Reitor. Por algum motivo a atual gestão esperou até os seus últimos instantes para apresentar o debate sobre a Paridade e o Congresso Estatuinte. Depois que muitos alunos, sobretudo os que participaram da ocupação da reitoria em 2008, que estavam atuantes nos debates, se formaram e saíram da Universidade. Triste encaminhamento de processos tão importantes para o futuro da Universidade de Brasília e do ensino superior brasileiro.
Sobre os artigos dos docentes, que participam nessa semana do plebiscito sobre a paridade, a ser realizado nos três segmentos, gostaria de me deter no artigo do professor Paulo Celso dos Reis Gomes, que se posiciona contra a paridade[ii]. Em seu artigo, o professor se pretende a responder perguntas e esclarecer o seus argumentos. Escolhi alguns deles para traçar opiniões.
No primeiro ponto, o professor responde qual modelo considera melhor, expondo seus motivos. Nas primeiras linhas o professor apresenta duas frases, uma delas brilhante por sinal, precedida de outra infeliz e contraditória. Afirma o professor: A universidade não está aqui somente para servir aos seus funcionários, professores e alunos, e sim a sociedade como um todo. A escolha do reitor deveria ocorrer pela realização de uma seleção interna com análises de currículos de acordo com a demanda da universidade.
De início, se não continuasse lendo as linhas apresentadas concordaria prontamente, a Universidade não existe para servir apenas “funcionários, professores e alunos”, mas sim a Sociedade como um todo. Esse ponto me leva a considerar paradoxal a frase seguinte, onde o professor já aponta uma sugestão radicalmente reacionária, até mais do que o modelo que centraliza o poder nos professores, defendido por ele. Sugere uma “seleção interna” para o cargo de reitor, ou seja, um modelo ainda mais restrito e fechado para seleção do Magnífico. Ora, se a Universidade detém importância para a sociedade em geral, seria justo que o processo fosse o mais amplo possível. Arrisco dizer que não apenas professores, alunos e funcionários devessem ter ampla participação, mas também “a Sociedade como um todo”; a comunidade deveria influenciar na escolha do reitor. O que entendemos é que as “demandas” da Universidade não podem ser definidas por um corpo fechado de professores, pois as demandas da Universidade são definidas pela sociedade envolvente. A assustadora proposta do professor aumenta ainda mais o risco à democracia e o fortalecimento do que ele chama de “corporativismo”.
O prof. Paulo Celso continua argumentando que essa escolha “colegiada” deve se definir por demandas pontuais da Universidade; num momento ela precisaria de um grande cientista à frente, em outro um grande administrador e etc. Se seguíssemos essa lógica não poderíamos ter professores à frente de nenhuma diretoria ou chefia de Instituto ou Departamento, só, claro, na Administração. Um engenheiro pode ser diretor da Faculdade de Tecnologia? Um Historiador pode dirigir o Instituto de Ciências Humanas? São perguntas parecidas e pertinentes, se partimos do ponto de vista do prof. Paulo Celso. Ou seja, qualquer professor que nunca tenha feito nenhum curso de “gestão pública”, por exemplo, tem capacidade de dirigir uma unidade acadêmica? E outra, um Engenheiro, que não tenha nenhuma experiência na Faculdade de Educação, pode ser um professor, um educador?
No segundo ponto Paulo Celso defende que o professor é o verdadeiro protagonista da Universidade. Para isso afirma que nos três pilares do ensino superior os professores seriam a “ponta de lança” do ensino, da pesquisa e da extensão. Para todas essas ações a presença de alunos e funcionários e fundamental, inclusive, segundo os estatutos da UnB servidores podem orientar projetos de extensão, só que sem poder pedir bolsas. Isso explica em parte por que a grande massa dos projetos de extensão é coordenada por professores. O servidor que coordena projeto de extensão não tem possibilidade de dar continuidade ao projeto, pois em decorrência dessa visão centralizadora dos professores, só os projetos deles podem receber recursos. E ainda, se conferirmos, por exemplo, as atribuições do cargo de Técnico em Assuntos Educacionais na tabela de cargos do MEC, constam, entre outras “coordenar pesquisas e projetos de extensão”. O quer ocorre é que os professores concentram as pesquisas e os projetos, por isso que estão à frente da vasta maioria deles. Essa é uma das explicações desse suposto “protagonismo” dos professores. São ainda inúmeros os casos de estudantes que propõe projetos de extensão e oferecem a professores para coordená-los (quem dera pudessem eles mesmos coordenar esses projetos).
Continua o professor dizendo que a participação dos alunos é “historicamente” pequena. Sem querer, por risco de preconceito, cobrar entendimento histórico de um engenheiro vou apenas cobrar um pouco de entendimento e percepção contemporânea. Os estudantes tem sido, a despeito de todas as ações contra eles, historicamente, os maiores participantes dos processos na universidade e na sociedade. Foram os estudantes que ocuparam a reitoria em 2008 para cobrar da Universidade (omissa) posição a respeito da enxurrada de denuncias da administração Thimothy/ Mamiya; foram esses mesmos estudantes que, juntos com os movimentos sociais ocuparam a Câmara Legislativa do DF para lutar contra um dos esquemas de corrupção mais bem documentados da História do Brasil, derrubando o Governador do Distrito Federal; são os estudantes que mais participam dos debates científicos e sociais do Brasil atual, como o Código Florestal, as hidrelétricas, a Reforma Agrária, a Especulação Imobiliária versus o direito à moradia, a destruição do meio ambiente e o desrespeito aos direitos humanos no Distrito Federal. Além disso, são os estudantes o segmento que confere maior visibilidade para a Universidade. Se analisarmos as matérias jornalísticas dos últimos anos que se referem à Universidade, vamos constatar que a maior parte se refere aos estudantes, desde suas participações políticas às questões comunitárias como os trotes, por exemplo.
Outro argumento do professor seria o “tempo de permanência” do estudante. Segundo ele, por “ficar em média de 4 a 6 anos” na Universidade não teria direito ao voto paritário. Em primeiro lugar não é só o professor que teoricamente permanece na instituição, os servidores também. Podemos perceber que existe no discurso dos professores a invisibilidade dos funcionários, que parecem apenas máquinas dentro da instituição. Os funcionários são historicamente invisibilisados e diminuídos pelos professores, que continuam hierarquizando e segmentarizando tudo dentro da Universidade. Ilustrativa é a questão do “ponto eletrônico”. Pretende-se impor ponto eletrônico para os servidores da UnB. Ora, os professores não são servidores da UnB? Embora não queira assumir, o professor é um servidor público como qualquer outro, regulamentado pela mesma lei. Se vamos implantar ponto eletrônico na área administrativa, por que não na área acadêmica? Por que não um em cada sala de aula para comprovarmos se o professor está mesmo dando as aulas? Se ele falta ou coloca seu orientando/ assistente para substituí-lo? No entanto, posso adiantar que essa também é uma discussão sem sentido. A questão é: como se configuram e como melhorar as relações trabalhistas e a eficiência na Universidade? Levando em consideração que a Universidade é uma Instituição de Ensino, uma Escola autônoma, e não uma repartição pública qualquer. No caso da Universidade, temos entre o corpo docente especialistas de diversas áreas do conhecimento, principalmente as Ciências Humanas, que dedicaram todos os seus anos de estudo exclusivamente ao tema do Trabalho. Será que as soluções que a Universidade pode oferecer são apenas essas que foram apresentadas?
Voltando à questão da permanência do aluno, o próprio professor Paulo Celso é uma prova viva contra seu argumento. Aluno formado pela UnB, agora é professor. Essa situação pode ser constatada tanto entre os funcionários como entre outros docentes. Além disso, o tempo de duração de um mandato de reitor coincide com uma graduação, se essa for a preocupação do Professor. Porém a questão não é essa. Como ele mesmo colocou isso é de interesse de toda a Sociedade, sendo mais que legítimo que o estudante ou funcionário se interessem em participar de forma qualitativa e representativa. E claro que quanto menos influenciarem no processo, menos vão se interessar por ele, dentro ou fora da universidade.
Mas é no ultimo ponto que o Professor finalmente assume o que está por trás disso tudo, dessa reação à paridade. O professor tem medo do aluno, e essa é uma situação perigosa para uma instituição educacional. Para Paulo Celso, a UnB tem, atualmente, em torno de 60 mil alunos, 7 mil técnicos e 2,5 mil professores. No voto universal, 15% dos alunos podem decidir os rumos da universidade. O voto paritário ou universal exigiria que o professor descesse do seu pedestal para dialogar com funcionários e alunos. Exigiria que o professor ouvisse, colaborasse, cedesse e cooperasse. Enfim, exigiria que o professor reconhecesse os alunos e funcionários como importantes atores do processo político da Universidade, reconfigurando todo cenário de alianças e articulações, destituindo confortáveis corporativismos. Acredito que a paridade é necessária, mas é um passo apenas. Não sei o próximo seria o voto universal, mas creio que vários segmentos importantes estão fora do processo, mesmo o paritário. Por que a Sociedade não pode participar da escolha? Os núcleos de extensão? As diversas comunidades que a UnB estabelece parceria pelo Brasil afora? O que está por trás da postura anti paritária é, no fim das contas, muito simples, o professor perde o poder concentrado ao longo desses anos. Observando aonde a Universidade pública chegou, podemos constatar o fracasso desse modelo centralizador. Uma Universidade cega, surda e muda; que abre mão da sua Autonomia e que atende aos interesses do mercado e do Estado, virando as costas para a Sociedade. Como mudar isso? Segundo um grande professor fundador da UnB, em discurso sobre a Universidade de Brasília em 1968, ao falar sobre a participação dos estudantes na Universidade afirmou: Se os alunos brasileiros realmente tivessem força, tivessem audácia, se, os alunos brasileiros tivessem plena confiança em si próprios, o melhor que fariam era um dia fechar as universidades aos professores, e pôr aqueles que soubessem mais a ensinar os que soubessem menos. E, porventura, essa Universidade ficaria muito melhor do que a que existe atualmente[iii].


[i] Historiador formado pela UnB e servidor Técnico em Assuntos Educacionais da FUB.
[iii] SILVA, Agostinho da. Universidade: Testemunho e Memória. Brasília, Universidade de Brasília, 2009, p.56.

quinta-feira, 8 de março de 2012

O que querem as mulheres?

De tanto querer registrar alguma coisa em razão do dia internacional da mulher, acabei por me lembrar de um pequeno conto de autoria desconhecida que conheci quando tinha uns dezoito anos. Ele pode até parece meio bobinho, mas nos desafia a duas reflexões para as quais nem sempre temos a resposta. Dê um crédito a ele e faça o exercício que ele propõe. Vale a pena!

Boa leitura!










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Conta-se que o jovem Rei Arthur foi surpreendido pelo monarca do reino vizinho, enquanto caçava furtivamente em seu bosque. O Rei vizinho poderia tê-lo matado no ato, pois este era o castigo para quem violasse as leis da propriedade.
Contudo, se comoveu ante a juventude e a simpatia de Arthur e lhe ofereceu a liberdade, desde que no prazo de um ano trouxesse a resposta a uma pergunta difícil, que era: O que realmente as mulheres querem?
Semelhante pergunta deixaria perplexo até o homem mais sábio, e ao jovem Arthur pareceu impossível respondê-la. Contudo, aquilo era melhor do que a morte, de modo que regressou ao seu reino e começou a interrogar as pessoas: a princesa, a rainha, as prostitutas, os monges, os sábios, o palhaço da corte, em suma, todos.
Mas ninguém soube dar uma resposta convincente.
Porém, todos o aconselharam a consultar a velha bruxa, pois somente ela saberia a resposta. O preço seria alto, já que a velha bruxa era famosa em todo o reino pelo exorbitante preço cobrado por seus serviços.
Chegou o último dia do acordo e Arthur não teve mais remédio senão recorrer à feiticeira. Ela aceitou dar-lhe uma resposta satisfatória, com a condição dele aceitar o seu preço.
Ela queria casar-se com Gawain, o cavaleiro mais nobre da mesa redonda e o mais íntimo amigo do Rei Arthur! O jovem Arthur a olhou horrorizado, era feíssima, tinha um só dente, desprendia um fedor que causava náuseas até a um cachorro, fazia ruídos obscenos. Nunca topara com uma criatura tão repugnante.
Se acovardou diante da perspectiva de pedir a um amigo de toda a vida para assumir essa carga terrível.
Não obstante, ao se inteirar do pacto proposto, Gawain afirmou que não era um sacrifício excessivo em troca da vida de seu melhor amigo.
A bruxa, de sabedoria assombrosa, disse:

(pense aí, que reposta você daria?)










A bruxa, de sabedoria assombrosa, disse: "O que realmente as mulheres querem é ser soberanas de suas próprias vidas!" Todos souberam no mesmo instante que a feiticeira dissera uma grande verdade e que o jovem Rei Arthur estava salvo. Assim foi.
Ao ouvir a resposta, o monarca vizinho lhe devolveu a liberdade. Porém, que bodas tristes foram aquelas... toda a corte assistiu e ninguém se sentiu mais desgarrado, entre o alívio e a angústia, do que o próprio Arthur. Gawain, entretanto, se mostrou cortês, gentil e respeitoso.
A velha bruxa usou de seus piores hábitos, comeu sem usar talheres, emitiu ruídos e um mau cheiro espantoso. Chegou a noite de núpcias. Quando Gawain, já preparado para ir para a cama, aguardava sua esposa, ela apareceu como a mais linda e charmosa mulher que um homem poderia imaginar! Gawain ficou estupefato e lhe perguntou o que acontecera.
A jovem lhe respondeu com um sorriso doce, que como ele fora cortês com ela, a metade do tempo se apresentaria com aspecto horrível e a outra metade com aspecto de uma linda donzela. Então ela lhe perguntou qual ele preferia para o dia e qual ele preferia para a noite.
Que pergunta cruel. Gawain se apressou em fazer cálculos.
Poderia ter uma jovem adorável durante o dia para exibir aos seus amigos e à noite, na privacidade de seu quarto, uma bruxa espantosa ou, quem sabe, ter de dia uma bruxa e uma jovem linda nos momentos íntimos de sua vida conjugal.


E vocês, o que teriam preferido? O que teriam escolhido?









A escolha que fez Gawain está abaixo, porém, antes tome sua decisão. É muito importante que sejam sinceros com vocês mesmos.
O nobre Gawain respondeu que a deixaria escolher por si mesma. Ao ouvir a resposta, ela anunciou que seria uma linda jovem durante o dia e durante a noite, porque ele a respeitara e a encorajara a ser dona de sua própria vida.

(autor/a desconhecido/a)


Feliz dia da mulher! ;)
 
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