Por: Leonardo Ortegal e Francisco de Filipo (Chico)
No dia 16 de dezembro haverá, em
todo o Distrito Federal, eleição dos/as novos/as Conselheiros/as
Tutelares, para mandato ao longo do triênio 2013-2015.A construção
deste processo eleitoral envolveu longas batalhas, com constantes
mudanças nas regras e datas. Ao final, quase 700 candidatos/as estão
em ritmo de campanha, buscando apoio da população para se elegerem.
Neste triênio, os/as futuros/as conselheiros/as conviverão com um
processo eleitoral de grande porte, a realização da Copa das
Confederações e Copa do Mundo e um contexto onde vemos o aumento
das violações de direitos, em distintas esferas, exigindo
participação cada vez mais ativa, independente e críticas
daqueles/as responsáveis por zelar pelos direitos das crianças e
adolescente.
Com intuito de fortalecer o
debate a respeito do papel dos/as conselheiros/as tutelares nesta
conjuntura, CEDECA, CECRIA, MTST, CFEMEA, Coletivo da Cidade, Comitê
Popular da Copa, Jornal O MIRACULOSO e outras entidades organizaram,
na noite desta quarta feira, 28/11/12, um debate aberto e divulgado a
todos/as os/as candidatos/as, convidando-os/as para a assinatura de
carta de compromisso com os direitos da criança e do adolescente.
O debate organizado foi uma das
únicas oportunidades em que a população pôde conhecer melhor
os/as/ candidatos/as ao cargo de conselheiro tutelar, bem como estes
puderam aprofundar e discutir temas centrais de sua atuação. Neste
sentido, este espaço contribuiu de maneira relevante para o
fortalecimento do processo eleitoral para os Conselhos Tutelares e
para a política de infância e adolescência do Distrito Federal.
Ressalta-se que a carta continua
aberta a novas assinaturas, mantendo seu caráter universal e
democrático, e tornando-se um instrumento perene de reflexão e
comprometimento com os direitos das Crianças e Adolescentes.
Fique
sabendo:
O Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA) define o Conselho Tutelar como sendo
o “órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado
pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e
do adolescente” (extraído do art. 131).
* * *
Abaixo estão os nomes dos/das
candidatos/as que assinaram a Carta Compromisso no encontro, e em
seguida a publicação da carta na íntegra.
- Para saber os números dos/as candidatos/as, locais de votação e outras informações, visite http://www.crianca.df.gov.br/processo-de-escolha-para-conselheiro-tutelar.html
Assinam a Carta Compromisso:
Alessandro
Andrade - Estrutural
Alisson
Marques - Guará
Bruno
Calazans - Riacho Fundo I
Clemildo
Sá - Brasília
Cristiane
- Sobradinho II
Daniela -
Riacho - Fundo II
Daniella
Eleutério - Lago Norte
Dany
Silva - Vicente Pires
Delma - Brazlândia
Indinara
- Guará
Ivone
- Sobradinho I
Jaqueline - São Sebastião
Lua
Ísis - Brasília
Graça
- Santa Maria
Marcão
- Samambaia
Natálicia
- Sobradinho II
Nilmar - Lobo Taguatinga
Ricardinho
Leal - Ceilândia
Rodrigo
Campos - Sobradinho II
Rosália
- Brazlândia
Serginho
Leonel - Brazlândia
Victor
Nunes - Brasília
Zita
- Planaltina
Carta
Compromisso Candidatas/os ao Conselho Tutelar
As/Os Conselheiras/os Tutelares
do Distrito Federal para o próximo mandato, triênio 2012-2015, têm
o desafio de lutar pela garantia dos Direitos das Crianças e
Adolescentes e avançar na construção do Sistema de Garantia de
Direitos – SGD, em um processo de crescente criminalização da
pobreza, das crianças, adolescentes e da Juventude. Não é um
desafio fácil.
A população infanto-juvenil do
Distrito Federal não vê na aplicação do Estatuto da Criança e do
Adolescente – ECA, principalmente no que se refere ao princípio de
prioridade absoluta. Atualmente, verifica-se:
·
Uma política pública que prioriza a relação com a Copa do Mundo
ao invés das políticas de inclusão e promoção social. Enquanto
os investimentos no Sistema de Garantia de Direitos, no Sistema
Socioeducativo, na Educação Infantil e na Saúde Mental foram quase
nulos nestes dois anos, a construção do Estádio segue em ritmo
acelerado e consumindo bilhões. Enquanto a política de segurança é
reforçada, pouco se fez para fortalecer programas como o
Enfrentamento da Violência Sexual e Erradicação do Trabalho
Infantil;
·
A falta de prioridade e sensibilidade por parte do judiciário e do
GDF culminou recentemente e mortes seriadas na Unidade de Internação
do Plano Piloto (antigo CAJE), que continua funcionando superlotada a
despeito de decisões que ordenam seu fechamento urgente. Executivo,
Legislativo (por não fiscalizar) e Judiciário, em última
instância, foram os responsáveis pelas mortes destes adolescentes;
·
O aumento da política de repressão e criminalização de nossos
adolescentes, com abordagens violentas por parte dos órgãos
públicos do Executivo e Judiciário, o cerceamento ao direito de ir
e vir, em especial relacionado às crianças e adolescente em
situação de rua faz com que o DF tenha o maior índice de
encarceramento de adolescente no país, o que mostra, por um lado, a
falência das medidas e políticas de inclusão e ressocialização
e, por outro, o crescimento de um modelo de cidade que leva a
exclusão social;
·
Algumas medidas mais recentes, como a violência policial e de
agentes da AGEFIS contra conselheiros tutelares que lutavam pelos
direitos das crianças em ações irregulares na Vila Estrutural,
apenas demonstram a visão predominante de que iguala pobreza a
criminalidade e, portanto, retira a liberdade de toda uma classe
social já marginalizada.
Mas
esse cenário não é novo. O movimento de garantia de direitos
sempre se defrontou com uma forte oposição de reconhecer crianças
e adolescentes como sujeitos de direitos. A mesma dificuldade
enfrentam todos os movimentos sociais que lutam pela justiça na
defesa dos segmentos historicamente oprimidos no Brasil.
É
hora de avançarmos nas políticas públicas destinadas ao público
infanto-juvenil. É necessário repudiar as tentativas de redução
da idade penal. Nesse sentido, destaco e defendo estes princípios
fundamentais, que devem orientar a atuação da(o) conselheira(o): a)
a proteção integral; b) a prioridade na elaboração do orçamento
público; c) a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento e; d)
a participação popular.
A reivindicação da garantia
integral e indivisível dos direitos é imprescindível para a
organização do Sistema de Garantia de Direitos, incluído o Sistema
de Medidas Socioeducativas. Os direitos fundamentais devem ser
garantidos pela simples condição de crianças e adolescentes serem
pessoas e não em virtude de necessidades.
Cabe
ao Estado promover, por meio de recursos públicos, a execução de
políticas públicas destinadas à efetivação dos Direitos
Fundamentais. Isso significa que dívidas fiscais e gastos com
eventos bilionários não são prioridades, muito menos obras que não
levam ao bem-estar do povo. Ademais, o Estado não deve se valer da
articulação entre governo e sociedade civil para implementar
medidas de terceirização e privatização.
As/Os Conselheiras/os Tutelares,
para além de agentes públicos, são representantes da comunidade na
articulação da rede de proteção de crianças e adolescentes e
desempenham papel fundamental no controle social dos poderes
estatais. Estas/es têm a obrigação de participar dos fóruns da
sociedade civil organizada, do fortalecimento da Associação de
Conselheiras/os Tutelares e contribuir para a formulação das
resoluções do Conselho de Direitos.
Por
fim, entendo que somente a organização popular poderá consolidar a conquista de
direitos e compreendemos que a defesa da criança e adolescente deve estar
associada à luta por uma profunda transformação social. Comprometo-me em
apoiar, assim, todas as manifestações de organização da sociedade e da classe
trabalhadora em defesa dos direitos e contra as opressões do sistema
capitalista.
Nestes
termos assino esta carta:
5 comentários:
porque nao sao divulgados essas coisas aos proprios candidatos a conselheiro tutelar? como varias palestras que ja teve e quase ninguem ficou sabendo?
ta mais onde assina essa carta se nada é divulgado ??????pq so alguns se beneficiam de certas publicidades ??/
Caro/a colega,
Essa iniciativa foi o esforço de um conjunto de entidades da sociedade civil interessadas no tema. Se por algum motivo você não foi informado dessa reunião, mas concorda com os princípios defendidos pela Carta, mande um email para ensejo@gmail.com que podemos ver uma alternativa, ok? Algumas pessoas que não puderam estar na reunião também assinaram a carta.
abraços
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