sábado, 15 de maio de 2010

Ilhas - Parte Três

Se alguém achou exagerado quando eu postei, eles insistem para você acreditar na veracidade. O lema é: viva a sua ILHA.





Vou repostar o texto sobre o qual eu estou falando. Abraços!


Ilhas habitacionais e o paradoxo do pensamento de massa e individualismo social


Essa é a parte II do texto do Setor Noroeste. Havia mais esse assunto pra tratar, e eu acabei optando por separar essa parte do texto anterior. O Setor Noroeste é um caso emblemático, mas se enquadra dentro desse assunto mais geral, que é o de hoje.

O que acontece é a existência de um fenômeno bem típico de sociedade, cuja dinâmica é a do desenvolvimento desigual e combinado (salve Furtado!), isto é: uma sociedade que cresce na riqueza (concentrada) e na pobreza ao mesmo tempo. Sim, é uma contradição, mas uma contradição de alma; no caso, a alma do modelo capitalista. Daí é que não causa surpresa o ‘bota fora’ feito para índios seculares, em nome da devastação de matas preservadas para a edificação de mais uma colônia de concreto de alto custo.

Um caso semelhante é o surgimento das ilhas habitacionais. Ilhas! Eu queria parabenizar a pessoa que teve a idéia de dar esse nome! Nenhum outro nome poderia se encaixar tão perfeitamente como esse. Aqui no DF já existem duas, Ilhas Maurício e Ilhas do Lago. E a idéia é bem essa mesmo, um oceano de pobreza e miserabilidade humana cercando um pequeno aglomerado de riqueza acumulada.

..Mas eu falei de riqueza, pobreza, e miséria humana? Porque é fundamental deixar claro que esses termos podem ser relativizados e postos de cabeça pra baixo. Afinal, que riqueza há em habitar um lugar, cujo valor injetado para comprar a especulação daria pra bancar a sobrevivência de famílias e famílias que perecem por não terem o mínimo necessário para viver? Que riqueza há em ter uma tv enorme e bonita, se o noticiário que o rico entediado assiste por ela só mostra violência e desgraça?

Além disso – e de muitas outras coisas que poderiam ser ditas nesse sentido –, existe um ponto muito interessante que eu gostaria de compartilhar aqui. É sobre o paradoxo do pensamento de massa e o individualismo social. É uma contradição muito interessante, não fosse o seu trágico conteúdo para a ‘nossa’ humanidade. Parece algo confuso e, à primeira vista,complicado de entender. Mas a explicação vai se tornando acessível na medida em que nos deparamos com exemplos variados desse paradoxo no nosso cotidiano.

O pensamento de massa, como o próprio nome já diz, tem a ver com isso aí que está em todo lugar. Um pensamento só, que serve como molde para uma frota, um exército de indivíduos. Uma só receita. Um só caminho para a felicidade – o segredo está enterrado nas Ilhas! O individualismo social, por sua vez, é a proeza que a sociedade é capaz de produzir, e que está resumido naquela conhecida frase: ‘sozinho no meio da multidão’. É a capacidade de um conjunto de indivíduos estarem juntos e separados ao mesmo tempo. É quando o seu sucesso é completamente dependente do fracasso de muitos. É quando o indivíduo é como uma ilha, e a sociedade é como um mar que não se cansa de tentar invadir, engolir. E aquele que se vê na posição de ilha e vê os outros como mar, é também o mar que inquieta a ilha que é o outro.

Acho que deu pra entender os dois pontos. Agora, o paradoxo que aí existe: Como é possível que os indivíduos sejam massa onde deveriam ser únicos, e únicos, onde deveriam ser coesos como os ingredientes de uma massa? É isso aí. É quando se consegue fazer com que um mundo inteiro não ultrapasse os limites de uma ilha.

4 comentários:

Marcelo Macêdo Alves da biblioteca kkkkk disse...

Eu acredito que em todos os cantos as políticas sociais democráticas falham por que todas as pessoas preferem acreditar que é melhor elas tentarem alcançar a riqueza mesmo sabendo que para isso é necessário que alguns sejam pobres, do que dividir e todos terem a mesma quantidade, primeiro por que a maioria dos homens não conseguem se sentir bem sem serem superiores a outros homens, depois por que o status gera prazer, que reside no primeiro ponto, e por último por que a propaganda do sonho capitalista é muito forte, e transmite uma idéia de paz e conforto, e uma falsa felicidade, muito grande, que convence a maioria das pessoas a quererem isso. Ora mais, quem não quereria uma ferrari? Ou um sofá de couro reclinável com 85 lugares só pra você? Uma cama king size?? Ainda não conheci esse ser hahauhaah

Mas digo com sinceridade, fico feliz só de encontrar pessoas que percebem isso, quanto mais as que são contra, e preferem não pensar em querer isso...

Outro ponto, é que brasília não comporta mais os pobres! Onde as pessoas que trabalham nas padarias que essas pessoas compram, nos mercados, como atendentes dos consultórios, onde essas pessoas moram?? Esses conjuntos habitacionais super espaçosos, tira o espaço que daria para muitas pessoas morarem. Eu mesmo e minha família não temos casa própria, não temos um espaço nosso mínimo, e a gente não quer uma "ilha", só quer uma propriedade privada, por que nessa brasília de propriedades privadas, os que têm dinheiro para financiar a espoliação da minoria sobre a maioria possuem muitas casas e muitos bens, que geram mais bens e mais dinheiro, e alugam para nós, como se fizessem ainda um favor, "vc deu sorte, pq olha é bem difícil conseguir apertamento nesse preço hoje em dia, viu ^^"

E quando a guerra civil eclodir vão nos acusar de assaltantes, e tentar nos tirar o direito de buscar por direitos, pois afinal de contas eles trabalharam, nós não né hehehehehehe

belo texto, quase chorei aqui kkkkkkkkkk

abração muleque doido!!!

ortegal disse...

Fala Marcelo!

O que você preferiria, uma casa com suíte pra todos os moradores, piscina e sala gigante, ou uma casa mais modesta onde coubesse todo mundo mas sem nenhum desses itens adicionais? Só que tem uma coisa: se você escolher a casa luxuosa, você vai estar usando recursos que dariam pra construir tres casas em vez de uma, e se você escolher a segunda, daria pra construir casas pra todos.

A grosso modo, o capitalismo é a primeira escolha. Para existir um EUA, é preciso que a Tailândia, a China a Índia ou o Brasil estejam do jeito que estão. Para existir o setor Noroeste ou qualquer área nobre, é preciso que exista a Ceilândia ou Itapoã existam para abastecê-los com mão de obra mal paga, executando serviços essenciais, como por exemplo, a própria construção dos prédios e casas. As pessoas pensam no próprio conforto, mandam o restante se lascar, e seguem o letreiro luminoso do capitalismo que diz: "viva a sua Ilha" que trás tb em letras miúdas: "e esqueça esse imenso mar de merda ao redor".

E a realidade do aluguel é exatamente essa aí. Fora que esse dinheiro investido em moradia de aluguel não se reverte em nada depois. Nada? Se reverte em mais grana no bolso do dono do imóvel. Mas pra família que aluga, no máximo uma temporada em baixo do teto alheio.

Abraço!

Marcelo Macêdo Alves da biblioteca kkkkk disse...

O saudade das nossas conversas mlq!!!!!!!!!!!!!

Um resumo do que eu penso tu falou!

ortegal disse...

po marcelo, tentei te ligar mas o seu número que tenho salvo aqui não tá atendendo. me liga ou me manda email com seu numero, certo? abraço

 
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