Seria mais fácil eu falar hoje sobre Jesus e alguém perguntar "quem é esse?" do que falar sobre Ademar de Jesus e alguém estar por fora. A polêmica em torno da soltura de Ademar, hoje conhecido como Maníaco de Luziânia, alimenta os noticiários. Não quero fazer o papel de advogado do diabo, mas quero trazer à tona alguns pontos que ficam ocultos em histórias como essa, mas merecem discussão.
Descobriram que o assassino já havia sido preso, e descobriram que ele sofre de transtornos mentais. E é desse fato que decorrem os dois pontos que quero chamar a atenção.
Vejo na mídia e na boca do povo a indignação por existir um louco solto nas ruas. E a indignação é dobrada ou é mais, pois foi descoberto que o louco já havia sido preso antes e agora andava solto. E isso trouxe à tona duas velhas discussões.
A primeira teve como porta-voz o ignorante presidente da CPI, Magno Malta (PR), que quer dar voz à ideia de que os loucos precisam ser presos para sempre, até que se encontre a cura para cada transtorno. Não se discute a saúde mental no DF, não se discute a atenção a transtornos. A única coisa aceitável é o manicômio perpétuo para sãos ou insanos.
A outra é o retorno da bola de cristal contra o crime. Surge de vários setores o clamor pela realização de exames de periculosidade. Como se fosse possível a alguém prever o comportamento futuro do outro. No fundo no fundo, até o mais néscio dos homens sabe que nem mesmo as divindades Médico e Juíz são capazes de dizer "esse aqui pode sair. de acordo com meus cálculos, ele não vai cometer crime nenhum. Mas aquele ali...." E assim se invalida os outros saberes, como é o caso do Serviço Social, da Educação, os cuidados paliativos, etc. Invalida-se a escola, os cuidados da família, os programas de saúde da família e da comunidade, etc. Vale tudo para isolar da nossa sociedade sã os "loucos perigosos", transformando-os em "doidos varridos". Varridos pra longe, para Alcatraz.
O que eu gostaria era isso. Fazer refletir sobre aspectos que julgo serem mais importantes do que saber se o tribunal agiu certo, se a culpa é do juíz, do psiquiatra, da equipe psicossocial, e essas coisas, típicas de quem não quer enfrentar o problema maior, e ganha ibope discutindo o pontual sem efeito. Mas, para as pessoas que querem fazer dos presídios manicômios perpétuos e vice-versa, eu acho que vou acabar agradando com essa notícia: tá cheio de deficiente e doente mental atrás das grades por serem assim.
Descobriram que o assassino já havia sido preso, e descobriram que ele sofre de transtornos mentais. E é desse fato que decorrem os dois pontos que quero chamar a atenção.
Vejo na mídia e na boca do povo a indignação por existir um louco solto nas ruas. E a indignação é dobrada ou é mais, pois foi descoberto que o louco já havia sido preso antes e agora andava solto. E isso trouxe à tona duas velhas discussões.
A primeira teve como porta-voz o ignorante presidente da CPI, Magno Malta (PR), que quer dar voz à ideia de que os loucos precisam ser presos para sempre, até que se encontre a cura para cada transtorno. Não se discute a saúde mental no DF, não se discute a atenção a transtornos. A única coisa aceitável é o manicômio perpétuo para sãos ou insanos.
A outra é o retorno da bola de cristal contra o crime. Surge de vários setores o clamor pela realização de exames de periculosidade. Como se fosse possível a alguém prever o comportamento futuro do outro. No fundo no fundo, até o mais néscio dos homens sabe que nem mesmo as divindades Médico e Juíz são capazes de dizer "esse aqui pode sair. de acordo com meus cálculos, ele não vai cometer crime nenhum. Mas aquele ali...." E assim se invalida os outros saberes, como é o caso do Serviço Social, da Educação, os cuidados paliativos, etc. Invalida-se a escola, os cuidados da família, os programas de saúde da família e da comunidade, etc. Vale tudo para isolar da nossa sociedade sã os "loucos perigosos", transformando-os em "doidos varridos". Varridos pra longe, para Alcatraz.
O que eu gostaria era isso. Fazer refletir sobre aspectos que julgo serem mais importantes do que saber se o tribunal agiu certo, se a culpa é do juíz, do psiquiatra, da equipe psicossocial, e essas coisas, típicas de quem não quer enfrentar o problema maior, e ganha ibope discutindo o pontual sem efeito. Mas, para as pessoas que querem fazer dos presídios manicômios perpétuos e vice-versa, eu acho que vou acabar agradando com essa notícia: tá cheio de deficiente e doente mental atrás das grades por serem assim.
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Pra quem quiser deixar o bla bla bla um pouco de lado e quiser dar lugar à ação, existe um trabalho sendo feito com uma das famílias de Luziânia que teve o seu ente querido assassinado. Quem quiser somar força, me escreva, não nos comentários, mas por email: ensejo@gmail.com
3 comentários:
Ja ia me esquecendo:
Não poderia deixar de informar a vocês que o Distrito Federal é o campeão, o nº 1 em precariedade nos serviços de saúde mental. Perde para os estados do país.
a culpa é toda de um culpado só: o sistema.
e cada dia que passa só reforço uma certeza - a de que o país em que vivemos está atolado na bosta. (ou na lama e no lixo, como no Rio)
É Leo, discutir a saúde mental no DF ainda é um sonho. Aqui se fala mesmo em doença mental e há algo mais necessário do que eliminar uma doença? Tão necessário quanto eliminar um criminoso. É o remédio pra uma realidade que é cada vez mais determinada por interesses privados. Não é que falta só altruísmo,falta um mínimo de respeito e decência.
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