terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O Movimento contra a corrupção é pedagógico

É um movimento que exige a punição de todos os corruptos que foram evidenciados recentemente. Esse movimento, que se estabeleceu ao longo dessas mais de duas semanas desde o estouro do mensalão do democratas, do arrudoduto, ou do que quer que se chame, é um movimento que vem buscando um objetivo bem claro, mas, de lambuja, está atingindo um outro: a educação cidadã e o ensino prático acerca do que é fazer valer um Estado Democrático de Direito.
Se isso não está claro de imediato, já dou logo um exemplo quentinho, o de hoje. Manifestantes, aos quais a mídia insiste em chamar de ‘estudantes’, numa clara estratégia de diminuir a representatividade de um movimento plural e popular, foram hoje assistir à plenária na Câmara. Como o analfabetismo democrático impera neste DF, o que mais aconteceria? Foram barrados na porta. O vídeo da tv de Paulo Octávio quis mascarar a batalha e fazer parecer instantâneo, mas não foi bem assim. A mídia é uma aluna teimosa, mas quando aprender, beberá da amarga vergonha de se posicionar em desfavor do próprio povo. A situação era a seguinte: queriam impedir o povo de entrar na própria casa para ver de perto o que estaria acontecendo por lá. Qual foi a lição ensinada? Aquela câmara ali é casa do povo por direito e o povo não pode ser impedido. E o exercício de fixação? Entrou-se na marra. Botados pra fora? entrou-se de novo. Pra fora na força do braço? pra dentro de novo, na força do saber e o do poder que é do povo que luta.
O povo em movimento foi pras ruas quando foi humilhado demais. O batalhão de um governo fascista tentou nos tolher o direito. Ora, a rua é do povo, e às ruas o povo não renunciará! Isso ficou ensinado à maldita PM (isentas as exceções), que hoje nos teme quando viu que a eles nós não temeremos – e depois que aprendeu a lição. A lição de que é o povo o dono de tudo, que das ruas não arredaremos, mas que faça-se o que se exige por parte do povo, e o primeiro pilar dessa máfia já caiu parcial.mente. O povo deu corpo ao seu grito por justiça, e o corrupto pediu pra sair.

















E ainda são muitas as outras lições. Pessoas que nunca se sentiram sua voz ecoar puderam fazê-lo nos atos nascidos na praça Zumbi no Conic, redimensionados na Rodoviária, e eclodidos nas ruas monumentais do DF e nos edifícios do poder (e da corrupção). Foram pessoas que aprenderam um pouco mais sobre elas mesmas, e o poder que elas têm dentro delas. E tem muitas outras que estamos a ensinar (e a aprender), mas eu quero que chegue logo o dia em que a lição final será aprendida por todos – e alguns aprenderão amargamente, aqueles que cairão de seus mandatos erigidos com a podridão da corrupção, que a todos nós ofendeu.

2 comentários:

Raoni disse...

Leo, tem muita gente com medo de que o povo perceba quão verdadeiras são essas suas palavras. Quando este dia chegar, o caminho será sem volta. Mas até lá, ainda tem muito chão pela frente.

Abraço...

Bianca Damacena disse...

Ortegal!!! Arrepiei-me com esse texto!
Putz, cada palavra, do início ao fim, me fez me sentir mais parte do movimento. Mais ainda do que eu já me atrevia a imaginar, já que estou longe...

Acredito que a mídia também faz seu papel, digamos assim, pedagógico, só que contra a nossa corrente. O que quero dizer é que enquanto a gente nada pra mostrar a verdade em favor do povo, a mídia nada no sentido contrário, em favor dos ricos, corruptos etc.
Não é novidade...

No entanto, apesar da dificuldade que é lutar contra um lado forte, é a certeza de que as coisas não são em vão que me faz persistir na militância! Como você mesmo diz, é pedagógico. E com certeza alguém sai mudado, o que gera outros "alguéns".

Se o Che estivesse aqui com a gente ele diria: "Hasta la victória!"
hahahha

Beijo!

 
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