sábado, 12 de dezembro de 2009

O Fora Arruda visto de dentro: algumas nuances

Quem não se movimenta não percebe as correntes que o prendem, é uma brilhante assertiva de Rosa Luxemburgo. Um tanto desconhecida pela maioria, é um pensamento acertado, razoavelmente difundido e compartilhado entre os movimentos sociais de luta por um mundo mais justo ou mais ético, ou um mundo melhor, chame como quiser. Eu sempre lembro dessa frase quando vejo uma luta acontecendo. Uma coisa que me chama atenção é pensar em por que as pessoas que estão tão perto conseguem permanecer tão distantes.
No ato em que o exército policial tentou barrar o movimento mas acabou lhe impulsionando, houve vários momentos em que paramos o trânsito ou transitamos entre os carros em movimento. É impressionante como as pessoas atravessavam o ato como se não vissem nada. Alguns, inclusive, nem para o lado olhavam. Sempre em frente, sempre perseguindo o alvo. 'Que alvo? Bom, o alvo... o alvo eu não sei, até mesmo porque estou ocupado demais perseguindo o meu alvo pra pensar nessa coisa de alvo'.

Alguns buzinavam, mas era minoria. A maioria passava indiferente. É interessante pensar no porque de as pessoas estarem indiferentes. Há poucas semanas atrás, o movimento era a greve da minha categoria. Estivemos naquele mesmo lugar, pleiteando uma reestruturação da carreira. E as pessoas seguiam indiferentes. No máximo olhavam, aqueles que viam em nós um tipo de entretenimento, até pra quebrar a rotina enfadonha do trabalho ou do percurso. Tudo bem, não quero fingir aqui que as categorias são unidas no mundo do trabalho. Mas o que acontece hoje em Brasília é algo que atravessa a todos. O governo governa o DF, e de todos roubou. Contra todos praticou vários crimes, os que sabemos e os que não sabemos, os que são tipificados crimes e os que não são, como o crime de debochar da nossa cara dizendo que é inocente, enquanto no fundo no fundo, pensa “essa população do DF tem a cabeça tão fraca que além de aceitar as desculpas, esquecerá rapidinho”.
Mas a pergunta que me faço é: Se contra todos praticou vários crimes, como é que as pessoas conseguem permanecer tão indiferentes assim? A grande nuance é passar por pessoas em igual situação de ultraje, e ver as caras de estranheza, ou de impressionadas, como se estivessem vendo um grupo de seres de outro planeta. “Não é comigo, é a frase que extraio de tais expressões”.
Na carreata de hoje, uma picape pampa de loja de vidros passou por mim, e o motorista desacelerou, e atravessou a mulher do banco de carona para me dizer "tirar um ladrão pra depois vocês entrarem lá e roubarem também!?" Quem dera o caminho para o povo alcançar o poder fosse rápido assim...

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