Esses dias eu tive a oportunidade de ver o milionário e recordista pessoalmente. Trata-se do Homem-Aranha 3. É claro que tal encontro necessitava de um preparo especial: fui até a locadora e peguei o um e o dois. Eu ainda tava de repouso e atestado pós-cirúrgico, então tava tranqüilo. Eu nunca tinha feito isso antes (aliás, pra quem me conhece melhor, sabe que eu não tenho tanta paciência pra filme), mas eu recomendo assistir a maratona de filmes antecessores ao que você quer ver no cinema. Vale à pena.
Mas o que eu tinha pra falar não era exatamente sobre isso. Era sobre o conteúdo dos filmes do Homem-Aranha. Dá pra extrair coisas interessantes de filmes hollywoodianos, sim. E tem muito filme cult-francês-calça-atochada que não vale nada, também. No primeiro filme, quando ele enfrenta a aparição do Duende Verde, Peter era um cara zoado, fraco, e com inserção apenas nos estudos. É picado pela aranha geneticamente modificada (propaganda sublimar dos transgênicos.. hehe brincadeira) e aí aumenta seus atributos físicos e etc. Com os ganhos em poder, aumentam-se os ganhos em responsabilidades (e isso não é meu, é uma frase do Tio Ben, de Peter). Isso se aplica, sobretudo nos relacionamentos de Peter: sua paixão adolescente se torna um risco pra Mary Jane, sua tia May se torna um dos principais alvos pros vilões e seu melhor amigo é também o filho de seu pior inimigo. Resumindo, além de derrotar o Duende, o desafio de como Peter-Aranha irá lidar com seus relacionamentos e sua vida ‘normal’ a partir da transformação é a grande trama do primeiro filme. Ele resolve seu conflito com MJ quando ela percebe que é apaixonada por ele e não pelo Aranha.
No segundo filme, seu principal problema se agrava. Começa mostrando de várias formas, como o Aranha engoliu o Peter. Enquanto Aranha agia sem trégua nas ruas, Peter ia mal nos estudos e nos relacionamento. A coisa vai se complicando até que ele percebe o quanto está estressado e nem Aranha estava mais dando conta de ser. Peter então demite o Aranha de sua vida, mas não de sua consciência. O lado Peter começa a ir bem, até que Peter se vê forçado por sua tia May e seus conselhos (aliás, decisivos pros encaminhamentos dos fatos nos 3 filmes) a retomar a vida de Aranha por maiores que fosse as implicações. Enfrenta Dr. Octopus, a dor de seu melhor amigo, e resolve de uma vez mostrar a raiz dos problemas pra Mary Jane (sem conotação maliciosa heim pessoal).
O que me deixou mais impressionado com o 2° filme é que a trama do filme se passa muito mais na cabeça de Peter/Aranha, do que na arena contra vilões. O maior desafio era a vida. Como vivê-la em situações como essa? O que Peter percebeu é que precisava ser Herói, independente de como as coisas fossem ficar. Uma das principais razões pra retomada do Aranha foi quando Peter percebeu a dependência das crianças de heróis como o Homem-Aranha. Se tem uma coisa que gostei no filme foi isso. O grande conflito de Peter não é prender assaltantes, isso aí ele fazia fácil com poderes de aranha. A questão era como conciliar tudo, como trabalhar horas mil de Aranha e ainda conseguir sustento pro Peter... Como ser Peter e relacionar com as pessoas que tornam o Aranha vulnerável...
No fim das contas, o interesse com esse texto não está exatamente no herói Aranha, mas o herói Peter. Aranha tem super-poderes. Agora, Peter representa alguém comum, com objetivos, sonhos, possibilidades para alcançá-los – inclusive o Aranha dá a Peter muitas oportunidades sujas – mas ele não opta por elas.
***
O livro de Christopher Reeve, Still Me, conta a história do super homem. Não exatamente de Clark Kant, mas da vida do ator que o interpretou. Li uma resenha do livro uma vez e li também uma entrevista com o autor. Nela, ele falava sobre definições de herói. Conta como a definição de herói pra ele mudou quando ele sofreu um acidente e ficou paraplégico e outras complicações. Isso tudo é importante. Herói não é aquele que tem superpoderes, faz atos de grandes repecursão, etc., não necessariamente. Herói, o que todos nós deveríamos ser, é aquele que luta contra os problemas da vida, contra as injustiças, procura fazer o bem por maiores que sejam as conseqüências e busca forças pra continuar vivendo, não obstante tudo o que apareça. Enfim, entre tanta baboseira no mundo dos best-sellers, dos blockbusters hollywoodianos, temos dois exemplos de grande impacto e com lições pra se extrair, mostrando um conceito diferente de herói pra essa sociedade vazia de razões.
7 comentários:
Porque não me surpreende alguém com "A esperança se reinicia" e "Matando 1 leão por dia", tatuados no couro, dizendo isso! hehe ó o Dash!
Li e concordo com tudo o escrito, e gostaria de acrescentar que além da grana (é claro), o interesse subliminar dos heróis criados inclui isto. Taí um outro possivel post sobre "o Papel das Historias em Quadrinhos". Superação, firmeza, escolhas corretas, dignidade, patriotismo(grande Tio Sam!), etc... Fazem parte deste fabuloso leque de subliminaridades (é assim que escreve?) que escondem os quadrinhos(não podemos esquecer que os super-heróis da filme vieram dos quadrinhos né?!).
Hollywood e seus equivalentes estrangeiros, deram um toque do doce capital às antigas historinhas em quadrinhos e seus super-heróis.
Salve-salve Mauricio de Souza que quebrou a Disney(porra de Zé carioca!) com a Turma da Mônica... pena que o filme da Tchurminha não virou blockbuster...hehehe
E como não lembrar do grande "Cavaleiros do Zodiaco" ?! Morrer pelos amigos!! Esse era o mote dos caras! Foda demais!
Putz! Eu descobri que estão reprisando He-Man na record! Foda demais!!! O desenho é cheio de misticismo, magia e tal... mas no final do episódio o próprio roteirista desmistifica o bagulho e vem com as lições de vida! Citando uma delas que o He-Man falou: "Na vida real, não existem mostros e magia, exisem problemas e dificuldades que devem ser superadas a cada dia, peça ajuda a seus amigos..."
O que me dá pena hoje em dia é ver que muitos dos desenhos qe passam na Tv e até mesmo alguns em quadrinhos são vazios, maliciosos, só ensinam bobagens, resumindo, são um bosta!
Sem falar nos filmes, que com todos os seus recursos tecnológicos, conseguiram abafar em grande parte das pessoas a percepção da subliminaridade e do real motivo dos super-heróis.
*Apimentando... Cristofer Reeve foi sem dúvidas um herói, lutou por anos contra a doença e tal... Mas quantos outros Josés Maria Reeves existem por aí enfiados nos barracos de pau, ou nos ambulatórios de hospital... Sem grana = Sem tratamento = Facção Central... hehehe
Bônus track: http://bocadaforte.uol.com.br/site/?url=letras_detalhes.php&id=92
Letra do DNM aí em cima! H.AÇO!!
Ainda não tive paciência para assistir a linha III do 8 pernas... Mas tiro a tiara e assino embaixo com o seu texto postado, tio Léo!
Na verdade o lado coroa da moeda pode ter coisas mais interessantes que o lado cara e vice e versa neh!?!
Mas não teve como eu não me lembrar das aulas de PGE e viajar novamente com as lombras subliminares do filme spider man... Que aposto q não tem nada ver com o que você referi no texto. Hehehehe
= )
Fala Mabaia, valeu pelo comentário.
Acho que esses princípios que vc citou aí estão mesmo presente nos quadrinhos, mas não em todos.
Uma das coisas que achei importante no Aranha é que ele é um zé na vida normal, um nerds. O Super Homem e o Batman, por ex. são dois fortões galãzões, ricos, etc. A superação do Batman é tecnológica, a do Super Homem é no modo como vai usar os poderes, mas a do Aranha é muito mais na inteligência que não é restrita aos super-heróis. Os x-men são descolados da realidade - a mansão é simplesmente um micro cosmo onde há tudo o que eles precisam (e o prof. Xavier banca aquilo não sei com que dinheiro). Cada mutante tem mais ou menos uma história, mas é breve e qdo ele entra na mansão já é quase irrelevante.
Essa história do Aranha não saber lidar com seus poderes e isso afetar a vida do Peter é central na história, enquanto em mtos outros quadrinhos não é bem assim. Outra coisa que eu quis reforçar sobre isso é que nós também temos situações parecidas por causa de nossos poderes. Podemos ficar distantes dos amigos, perder namorada, ficar presunçoso, por causa de boas notas nos estudos, bom salário, ou... músculos! Por causa de algo com tão pouco valor, os mlqs se acham na condição de desvalorizar as meninas, se achar melhor que outro só pq é mais pesado, querer resolver no braço pra se mostrar forte (herói) mas acabar sendo um mero covarde.. etc.
Cavaleiros tb é doido! Só que ele é mais fictício. O Aranha é mais real nas relações e isso deixa a coisa um pouco mais difcil pra ele. Isso sem contar o restante e a safra nova! Três espiãs.. puts! São vazios, como vc falou.
E os Christopher Reeve´s da vida real versão brasileira, nem me fale! hehehe! Na verdade eu só botei ele no texto pq tava na linha do raciocínio. É claro que pra nóis mermo o que conta é Facção e Prof. Pablo: "Quem come lixo e mora no esgoto é o verdadeiro super-herói" Vida longa aos H-ponto Aço!
Lembrei de dois quadrinhos que viraram filme aqui pra gente comparar: Motoqueiro Fantasma e Mulher Gato
O Motoqueiro é uma história ixcrota de vender alma pro Diabo e ganhar dele com as mesmas armas que ele usou.
O Mulher Gato é uma história sobre o esperado lançamento de um "Renew" de uma marca fictícia, mas que envelhe a pele das madames fazendo virar caveira. No fim da história, se não me engano, a Mulher Gato consegue matar os vilões usando até o próprio produto! hauhauhau
Vai vendo..
PGE é o que, Thallita? Psicologia Geral Experimental?! Se for isso, to curioso pra saber que que uma lombra tem a ver com a outra! heheheh
E sobre esse lance de cara e coroa, foi justamente em cima disso que eu quis passar minha idéia =]
beijos!
Isso isso isso!
PGE é isso mesmo, e trouxe essa lombrinha pra sua lombra aqui (rsrsr)
Pq foi nessa aula o unico momento que me dediquei aos resultados pós - hipinoticos com estimulos sibliminares capaz de alterar o comportamento humano! hehehehe
Por favorm desconsidere meus pensamentos "lombristicos"
Ahhhhh!!! Alem de mulher gato, dá uma olhada no "Scoby Doo" hehehehehe
bjos!
Postar um comentário