Demorou, mas tá aqui. Eu acho que esse texto não poderia deixar de sair. É que foram duas situações que aconteceram na mesma época, então a gente não pode deixar de mexer com elas. O tema é Educação. Aliás, o tema é educação ou a falta dela? O tema é educação ou é mercado? Pensando bem, não se pode simplesmente dizer que se trata de educação.
A Propaganda há bastante tempo é associada e tida como sinônimo de marketing, termo que poderia ser traduzido por ‘mercadorização’ ou ‘mercantilização’, que significa transformar em mercado, inserir uma determinada coisa na lógica do mercado (ou seja, de mercadorias, compra e venda). Eu acho esse termo marketing mais apropriado para o que hoje ainda se chama de propaganda, pois propaganda ainda tem a ver com propagar uma mensagem, com anunciar uma idéia.. Mas a propaganda e marketing que hoje existem não propagam mais mensagens ou idéias. Aliás, acho que hoje propagam sim uma idéia – uma só e mais nenhuma – que se resume na frase “você precisa”. Por trás de todas as propagandas que se vê por aí, a mensagem é essa. Isso aqui é um produto, uma mercadoria, você precisa dela, e por ser mercadoria você pode adquiri-la numa relação de compra e venda.
O caso é que, pra fazer você comprar, vale usar de tudo. E no meio desse ‘tudo’, muitas vezes se usa de recursos que ferem inclusive a natureza da ‘mercadoria’ que está sendo oferecida. “Chegou a hora de usar”, me diz o cartaz. Eu sou um alvo em potencial: um indivíduo que tem o ensino médio completo. O que é que isso significa, então? Tudo o que eu estudei ao longo de todos esses anos não servem pra nada? Significa que eu até hoje não estreei esse órgão do meu corpo? Significa que até hoje eu não penso. Muito bonito, muito pedagógico por parte da faculdade Projeção. Vender educação na base da negação de qualquer processo cognitivo antes da faculdade.
O outro exemplo aconteceu no mesmo tempo em que essa propaganda do projeção se disseminava pela cidade. Essa foi do colégio JK. Pra vender a mercadoria deles – que é a educação – a estratégia foi fazer alusões a uma novela... :( Além de ser uma mediocridade publicitária associar educação com aquilo que é o maior exemplo de deseducação da tv brasileira, a mediocridade foi ainda maior pelo conteúdo dessa associação, que dizia que “estudar no JK é ‘negócio da China!’”. Agora educação é negócio, e não é qualquer tipo de negócio, é negócio da China! E o pior é que essa é a mais fiel expressão das relações que giram em torno da educação hoje: paga-se para se receber diplomas como se paga para comprar uma mercadoria qualquer numa loja. E onde fica a educação nisso tudo!? A educação é o diploma... são sinônimos...
Os donos de escolas particulares do Valparaíso fizeram uma contra-propaganda num outdoor na frente do JK de lá, desmascarando, criticando e denunciando essa noção perversa de educação como uma questão de negócio$ ou de mercadoria. Tá certo que eles também estavam de olho na perda que iriam sofrer por causa dessa liquidação da educação (literalmente falando), e aí a denúncia serviu como uma reserva de mercado. O fato é que dinheiro de fato não compra tudo, e educação de verdade é muito mais que um diploma. Quem lembra daquela propaganda da Católica que tinha uma mina branquinha que fazia pouco caso das faculdades particulares que cobravam mais barato por um diploma, tudo pra justificar a fama da Católica de ser a mais cara de Brasília, pra dizer que ela cobra mais caro porque a educação dela é ‘de marca’, sossegar o ânimo da elite que lá estuda, diferenciando a educação deles das outras. E por aí vai a corrida dos empresários do diploma na busca de mais clientes para comprar seu produto.
A Propaganda há bastante tempo é associada e tida como sinônimo de marketing, termo que poderia ser traduzido por ‘mercadorização’ ou ‘mercantilização’, que significa transformar em mercado, inserir uma determinada coisa na lógica do mercado (ou seja, de mercadorias, compra e venda). Eu acho esse termo marketing mais apropriado para o que hoje ainda se chama de propaganda, pois propaganda ainda tem a ver com propagar uma mensagem, com anunciar uma idéia.. Mas a propaganda e marketing que hoje existem não propagam mais mensagens ou idéias. Aliás, acho que hoje propagam sim uma idéia – uma só e mais nenhuma – que se resume na frase “você precisa”. Por trás de todas as propagandas que se vê por aí, a mensagem é essa. Isso aqui é um produto, uma mercadoria, você precisa dela, e por ser mercadoria você pode adquiri-la numa relação de compra e venda.
O caso é que, pra fazer você comprar, vale usar de tudo. E no meio desse ‘tudo’, muitas vezes se usa de recursos que ferem inclusive a natureza da ‘mercadoria’ que está sendo oferecida. “Chegou a hora de usar”, me diz o cartaz. Eu sou um alvo em potencial: um indivíduo que tem o ensino médio completo. O que é que isso significa, então? Tudo o que eu estudei ao longo de todos esses anos não servem pra nada? Significa que eu até hoje não estreei esse órgão do meu corpo? Significa que até hoje eu não penso. Muito bonito, muito pedagógico por parte da faculdade Projeção. Vender educação na base da negação de qualquer processo cognitivo antes da faculdade.
O outro exemplo aconteceu no mesmo tempo em que essa propaganda do projeção se disseminava pela cidade. Essa foi do colégio JK. Pra vender a mercadoria deles – que é a educação – a estratégia foi fazer alusões a uma novela... :( Além de ser uma mediocridade publicitária associar educação com aquilo que é o maior exemplo de deseducação da tv brasileira, a mediocridade foi ainda maior pelo conteúdo dessa associação, que dizia que “estudar no JK é ‘negócio da China!’”. Agora educação é negócio, e não é qualquer tipo de negócio, é negócio da China! E o pior é que essa é a mais fiel expressão das relações que giram em torno da educação hoje: paga-se para se receber diplomas como se paga para comprar uma mercadoria qualquer numa loja. E onde fica a educação nisso tudo!? A educação é o diploma... são sinônimos...
Os donos de escolas particulares do Valparaíso fizeram uma contra-propaganda num outdoor na frente do JK de lá, desmascarando, criticando e denunciando essa noção perversa de educação como uma questão de negócio$ ou de mercadoria. Tá certo que eles também estavam de olho na perda que iriam sofrer por causa dessa liquidação da educação (literalmente falando), e aí a denúncia serviu como uma reserva de mercado. O fato é que dinheiro de fato não compra tudo, e educação de verdade é muito mais que um diploma. Quem lembra daquela propaganda da Católica que tinha uma mina branquinha que fazia pouco caso das faculdades particulares que cobravam mais barato por um diploma, tudo pra justificar a fama da Católica de ser a mais cara de Brasília, pra dizer que ela cobra mais caro porque a educação dela é ‘de marca’, sossegar o ânimo da elite que lá estuda, diferenciando a educação deles das outras. E por aí vai a corrida dos empresários do diploma na busca de mais clientes para comprar seu produto.