Ontem eu estava numa lotação laranjinha. Como elas não passam perto da minha casa, quase nunca eu entro nelas, mas ontem eu só tinha essa opção. Depois de mim, entrou uma mulher que voltava do trabalho. Acomodou-se e perguntou pro motorista “vocês vão rodar amanhã?” a resposta foi seca, direta “não”. Uma outra chegou e perguntou a mesma coisa. A resposta foi a mesma, com certo tom de irritação. A senhora se lamentou, e o motora atalhou “cês pelo menos tão empregados, e a gente?”
Interessante essa observação dele. As lotações são conhecidas pelas peripécias: andam rápido e perigosamente, enfiam passageiros até no teto e vazando pelas janelas, ficam lerdos ou parados quando tá fraco de passageiro, passam só até onde é conveniente, e a pior delas: escrotizam com os idosos por terem passe livre. Eles são comissionados, é diferente dos ônibus. A lógica deles não é o serviço, é o lucro. Depois de ferrarem mil vezes com a vida de quem depende deles, eis o salário final: o olho da rua.
Ninguém se importa com esse exército de desempregados, de famílias com as contas comprometidas. Tá todo mundo cuidando do seu.
Um caso relacionado a esse é o dos ônibus. Não faz muito tempo que os ônibus fizeram uma paralisação com quase 100% de adesão entre eles (tem uma discussão interessante sobre isso nos comentários do post do aniversário do Manifesto). Todo mundo puto nas paradas e reclamando da paralisação e temendo a greve. Mas nesse dia de paralisação, uma frota de heróis salvou a pele dos trabalhadores. Quem foi? O exército de futuros desempregados: os motoristas de lotação. Heróis para os trabalhadores sem ônibus, mas vilões para os rodoviários.
Quatro equipes e um mesmo ringue: Lotações, Sociedade, e Rodoviários, todos contra todos. Mas pelo que se vê por aqui, será que se trata de rivais ou de aliados?
***
No dia das paralisações um carteiro ficou puto: não conseguiu ir pro trabalho porque não tinha transporte pra ele. Ele ficou puto, mas o rodoviário ficou feliz porque conseguiu receber mixarias do patrão. Mas esse mês foi a vez do rodoviário: as mixarias não adiantaram muita coisa, pois tá pagando as contas do mês tudo mais caro. As contas desse mês atrasaram, mas não foi por culpa dele, foi do carteiro que não paralizou as entregas por quase um mês inteiro. Rodoviário puto, carteiro feliz – foi sua vez de ganhar mixarias.
Interessante essa observação dele. As lotações são conhecidas pelas peripécias: andam rápido e perigosamente, enfiam passageiros até no teto e vazando pelas janelas, ficam lerdos ou parados quando tá fraco de passageiro, passam só até onde é conveniente, e a pior delas: escrotizam com os idosos por terem passe livre. Eles são comissionados, é diferente dos ônibus. A lógica deles não é o serviço, é o lucro. Depois de ferrarem mil vezes com a vida de quem depende deles, eis o salário final: o olho da rua.
Ninguém se importa com esse exército de desempregados, de famílias com as contas comprometidas. Tá todo mundo cuidando do seu.
Um caso relacionado a esse é o dos ônibus. Não faz muito tempo que os ônibus fizeram uma paralisação com quase 100% de adesão entre eles (tem uma discussão interessante sobre isso nos comentários do post do aniversário do Manifesto). Todo mundo puto nas paradas e reclamando da paralisação e temendo a greve. Mas nesse dia de paralisação, uma frota de heróis salvou a pele dos trabalhadores. Quem foi? O exército de futuros desempregados: os motoristas de lotação. Heróis para os trabalhadores sem ônibus, mas vilões para os rodoviários.
Quatro equipes e um mesmo ringue: Lotações, Sociedade, e Rodoviários, todos contra todos. Mas pelo que se vê por aqui, será que se trata de rivais ou de aliados?
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No dia das paralisações um carteiro ficou puto: não conseguiu ir pro trabalho porque não tinha transporte pra ele. Ele ficou puto, mas o rodoviário ficou feliz porque conseguiu receber mixarias do patrão. Mas esse mês foi a vez do rodoviário: as mixarias não adiantaram muita coisa, pois tá pagando as contas do mês tudo mais caro. As contas desse mês atrasaram, mas não foi por culpa dele, foi do carteiro que não paralizou as entregas por quase um mês inteiro. Rodoviário puto, carteiro feliz – foi sua vez de ganhar mixarias.